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É possível um empreendedorismo em Moçambique fora da FRELIMO?

Ernesto Saúl / Maputo4 de dezembro de 2014

Em Moçambique existe uma grande necessidade de despartidarização dos mecanismos de acesso ao crédito para o início de negócios no país. Jovens empresários querem "desfrelimizar" o acesso ao crédito.

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Foto: DW/A. Cascais

Empreender em Moçambique continua a ser um enorme desafio. As dificuldades dos empreendedores são de vária ordem. O ambiente socio-económico continua desfavorável ao desenvolvimento de iniciativas juvenis.

Maputo acolheu, no final de novembro, a 2ª edição da conferência nacional de empreendedorismo. O encontro visou definir uma estratégia para o apoio aos jovens empreendedores, nomeadamente facilitando o acesso ao crédito.

Restrições de acesso ao crédito

Falando à DW África, alguns jovens participantes da conferência nacional de empreendedorismo apontam as restrições de acesso ao crédito como o principal fator que retrai o empreendedorismo no país. Um deles é Taíbo Alves. Ele afirma que o problema se reflecte com maior peso nas províncias, onde a cor partidária conta muito para se poder projetar qualquer negócio: Talibo adianta que "a nível de instituições de microfinanças a credibilidade de um jovem é quase nula quando não é da FRELIMO. Aqui em Moçambique não basta ter belas ideias. Tens que ter muitas coisas palpáveis para que acreditem no teu projeto."

Olívio De Freitas considera que a intromissão partidária nos assuntos ligados ao empreendedorismo se verifica sobretudo quando o financiamento envolve instituições do Estado. "Eu acho que é complicado, principalmente porque o Estado não faz grande esforço por publicitar as informações. Penso que os jovens têm que tentar encontrar outras formas de financiamento não ligadas apenas ao Estado", afirma Olívio.

Isildo Massambo, outro jovem empreendedor, critica esta postura e sugere abordagens inclusivas para o crescimento das pequenas e médias empresas no país. Afirma: "As pessoas devem participar em associações empresariais independentes. Não deveria ser necesário pertencer a um determinado partido para ser empreendedor."

Internationale Koproduktion in Mosambik
Empresária, dona de uma loja de alimentos: conseguiu abrir a loja com a ajuda de um microcrédito concedido pela Caixa das Mulheres de NampulaFoto: DW/ António Cascais

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Com o tempo a cor partidária deixará de ser fator

O Presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários, Flávio Quembo, diz que em nenhum momento se deve associar o negócio à filiação partidária. "Moçambique é um país com cidadãos cada vez mais exigentes. Penso que a cor partidária tenderá a deixar de ser um fator para a prestação de um determinado serviço."

Os fundos de desenvolvimento distrital de redução da pobreza urbana e de apoio a iniciativas juvenis são parte das plataformas, criadas pelo Estado, para o financiamento de microprojectos. Segundo os observadores, estas plataformas beneficiam principalmente membros da FRELIMO, partido no poder em Moçambique.

Mosambik Sitzung Jugendparlament Jugendtreffen
Parlamento Juvenil, Moçambique: um dos temas em debate é o empreendedorismoFoto: Parlamento Juvenil de Moçambique
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