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"A epidemia de ébola não acabou"

Alexander Göbel / gcs5 de maio de 2015

O ébola pode já não fazer manchete em muitos jornais, mas continua a ser uma preocupação para os habitantes da Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. Trabalhadores humanitários alertam que não se pode baixar já os braços.

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Foto: J. Moore/Getty Images

Em dezasseis meses, mais de 25 mil pessoas foram infetadas com o vírus do ébola na África Ocidental, mais de 10.600 morreram. As Nações Unidas esperam que, em meados do ano, se possa anunciar o fim da pior epidemia de ébola de sempre. A Libéria pode declarar o fim da doença já no final desta semana. Não há registo de novos casos há quase 42 dias, o dobro do período de incubação.

No entanto, segundo Gisa Kohler, da organização "Médicos Sem Fronteiras", ainda é cedo para respirar de alívio. Ela continua a gerir vários centros de tratamento na vizinha Serra Leoa, apesar de, em geral, o número de camas estar a diminuir.

"Eu não subestimaria a situação. Preocupa-me o facto de se estar a fazer uma enorme pressão junto da Libéria, da Guiné-Conacri e da Serra Leoa para acabar com a epidemia", afirma.

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"Neste momento, joga-se muito com o medo. As pessoas são colocadas em quarentena e, se elas não a cumprirem, são multadas ou detidas."

Mais casos do que os divulgados?

Antes do surto, na Serra Leoa, muitas pessoas já não confiavam no fraco sistema de saúde. Agora confiam ainda menos. Frequentemente, os pacientes com ébola não são registados e chegam até a ser escondidos, segundo o trabalhador humanitário alemão Manfred Rink, que vive há vários anos na Serra Leoa.

"Todos os dias há novos casos. E presumivelmente o número de casos é superior ao que é divulgado. Colegas meus, de laboratórios, dizem-me: 'assisti a isto e àquilo, não pode ser, são mais casos'", revela.

Manfred Rink diz que é cedo demais para abrir escolas e universidades: o risco de contágio ainda é demasiado elevado - não importa a quantidade de baldes com água e cloro que foram colocados às portas das salas de aula, um pouco por todo o país, para os alunos lavarem as mãos.

Baixar os braços seria um erro, alerta o trabalhador humanitário: "As pessoas dizem que a epidemia acabou, mas não acabou."

Aprender a lição

Walter Lindner Ebola-Beauftragter der Bundesregierung
Walter Lindner, responsável do executivo alemão para os assuntos sobre o ébolaFoto: picture-alliance/Tagesspiegel

Walter Lindner, o responsável do Governo alemão para os assuntos sobre o ébola, concorda. A maratona contra a epidemia ébola está quase a chegar ao fim, mas ainda falta percorrer os últimos quilómetros. Por outro lado, refere ainda Lindner, é preciso aprender a lição.

"Por termos sido tão lentos a responder, com excepção dos Médicos sem Fronteiras, e tendo em conta que quase 11 mil pessoas morreram, seria de mau tom dizermos alto e bom som que a nossa ajuda foi muito boa. É importante termos humildade e modéstia", referiu, num balanço sobre a resposta internacional ao ébola.