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Afrodescendentes apelam ao voto nas eleições europeias

Carla Fernandes (Lisboa)22 de maio de 2014

Os eleitores europeus começaram a ir às urnas para escolher os próximos deputados do Parlamento Europeu. Portugal só votará no domingo. Entre os eleitores portugueses estão também alguns de origem africana.

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Foto: picture-alliance/dpa

"Acho importante que os afrodescendentes votem", diz Dynka Amorim, um jovem de origem são-tomense, naturalizado português. "Temos vindo a notar um grande desinteresse. Aliás, não é só nessas europeias. Não há uma grande representação das minorias, especialmente dos afrodescendentes, nos locais de decisão."

O sentimento de desinteresse em relação às eleições europeias, de que Dynka fala, parece ser geral na Europa.

Dynka Amorim
Dynka Amorim é um jovem de origem são-tomense que se formou em ciências políticasFoto: DW/C. Fernandes

Segundo a imprensa europeia, espera-se que a maior percentagem dos eleitores seja aquela que não irá às urnas. Em 2009, em Portugal, a abstenção ultrapassou os 63 por cento. Mas, nessa altura, Miguel Ié fez questão de votar nas europeias.

"É importante porque vivemos aqui, trabalhamos aqui e estamos a ajudar a construir essa nação portuguesa, que é a nossa", afirma o guineense naturalizado português.

Eurodeputados estão longe

Os países da União Europeia tentam combater de diferentes formas a questão da fraca participação do eleitorado.

Em Portugal, por exemplo, realizaram-se 19 conferências com eurodeputados em vários pontos do país, destinadas à sociedade civil e escolar, para sensibilizar os cidadãos para a importância deste ato eleitoral. A ação foi promovida pelo gabinete do Parlamento Europeu em Portugal. Houve mais campanhas, mas, segundo Dynka Amorim, isso não parece ter sido suficiente.

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Há um afastamento dos eurodeputados relativamente à população. Porque eles ficam mais tempo [nas instituições europeias] em Bruxelas e em Estrasburgo. Muitas das vezes, o público em geral não conhece o trabalho que eles desenvolvem", diz Dynka. "Só sabem as pessoas que se interessam por essa temática, que seguem os blogues, a página do Facebook ou alguns programas temáticos."

"Viragem à direita"

O Parlamento Europeu é o único órgão da União Europeia eleito diretamente. Tem um papel ativo na elaboração de leis que afetam o dia-a-dia dos cidadãos, a nível da igualdade de oportunidades, dos transportes, bem como da livre circulação de trabalhadores, capitais, serviços e mercadorias.

Mónica Frechaut trabalha no Conselho Português para os Refugiados, mas fala a título pessoal. Para ela, independentemente de ter origens africanas, é importante que a Europa esteja alerta visto que se encontra num momento de viragem, em que partidos da direita ganham cada vez mais terreno um pouco por todo o território da União.

"Obviamente que preocupa a tendência destes partidos em particular, com políticas migratórias mais restritivas e que prevêem a eliminação de alguns direitos, principalmente para as minorias", diz a jovem de origem moçambicana e mauriciana. "Mas também há outros temas que devem preocupar os afrodescendentes: as questões da educação e do emprego, que é absolutamente fundamental."

Monica Frechaut
Mónica Frechaut alerta para "viragem à direita" na EuropaFoto: DW/C. Fernandes

No domingo, 25 de maio, os eleitores portugueses vão às urnas. Poderão escolher de entre 16 partidos e coligações os 21 deputados portugueses que os vão representar no Parlamento Europeu. Ao todo, serão eleitos 751 eurodeputados dos 28 Estados-membros da União Europeia.