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Alemanha: Protestos contra extrema-direita agitam Hannover

EFE | Lusa | mjp
2 de dezembro de 2017

Pelo menos dois polícias e um manifestante ficaram feridos neste sábado (02.12) durante protestos contra o congresso nacional da Alternativa para a Alemanha (AfD), principal partido da extrema-direita no país.

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Deutschland AfD-Parteitag in Hannover – Gegendemonstration
Foto: picture-alliance/dpa/P. Steffen

As forças de segurança usaram canhões de água para dispersar os grupos de jovens que tentavam bloquear o acesso ao centro de convenções onde, este fim de semana, tem lugar o congresso da Alternativa para a Alemanha (AfD). Em diferentes pontos de Hannover registaram-se confrontos entre as forças de segurança e manifestantes.

Pelo menos dois polícias ficaram feridos, sem gravidade. Um manifestante também se feriu na tentativa de se amarrar a um tanque e ao ser retirado pela polícia. Os protestos começaram por volta das 6h locais, três horas antes do início da convenção da AfD, o que fez com que alguns delegados do partido se atrasassem para chegar ao evento.

O trânsito em torno do centro de convenções já tinha sido interrompido pelas forças de segurança, que ainda tiveram que expulsar jovens que queriam bloquear as ruas e impedir a chegada dos delegados da AfD ao evento do partido. Dez manifestantes foram detidos.

No total, cerca de 8.500 opositores são esperados em Hannover, onde pretendem manifestar-se contra as políticas anti-imigração da AfD. Milhares de polícias foram mobilizados para evitar confrontos e o sindicato da polícia GdP apelou à calma, depois dos confrontos que eclodiram durante o congresso do partido em abril, em Colónia, no oeste da Alemanha, em que vários polícias ficaram feridos.

Deutschland AfD Parteitag - Gegendemonstration
Milhares de polícias foram mobilizados para evitar confrontosFoto: picture-alliance/dpa/P. Steffen

Através do Twitter, a polícia de Hannover pediu que os cidadãos fiquem longe de qualquer ato violento durante o dia. Vários protestos estão marcados ao longo deste sábado contra o congresso, um deles no centro da cidade, autorizado pelo governo local.

Capitalizar contratempos de Merkel?

Após várias horas de atraso, o congresso reconduziu Jörg Meutheun na liderança do partido por mais dois anos. Meuthen, de 56 anos, venceu com 72% dos votos numa eleição em que era o único candidato. Meuthen liderava o partido desde 2015, inicialmente ao lado de Frauke Petry, que abandonou a liderança da AfD em setembro, condenado a aproximação do partido à extrema-direita. O Congresso decidiu apostar novamente numa dupla para a liderança e resta saber quem é que vai liderar a extrema-direita ao lado de Jörg Meutheun – algo que será decidido numa outra votação.

Para além da eleição da nova direção, o objetivo principal do congresso da AfD, que termina no domingo, é definir a linha de atuação do partido, dividido entre uma corrente mais moderada e outra abertamente radical. Em pano de fundo está a esperança de capitalizar os contratempos políticos sofridos pela chanceler Angela Merkel.

A Alternativa para a Alemanha (AfD) causou um terramoto político nas eleições parlamentares alemãs de 24 de setembro, quando conseguiu ocupar lugares na Câmara dos Deputados após obter 12,6% dos votos. Agora tem 92 representantes na Câmara dos Deputados, situação nunca vista em relação a partidos de extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial.

Deutschland AfD-Parteitag in Hannover – Gegendemonstration
"Anti-fascismo é a alternativa" lia-se num dos cartazes do protestoFoto: picture-alliance/dpa/H. C. Dittrich

Com base neste sucesso, a AfD, que também está presente em 14 dos 16 parlamentos regionais, reúne cerca de 600 delegados neste fim de semana em Hannover, no norte do país. O objetivo da reunião é nomear novos líderes e ter um roteiro político para se posicionar como principal adversário da chanceler Angela Merkel.

Há dois meses, a AfD deleitou-se com as dificuldades da chanceler alemã que, depois de 12 anos no poder na Alemanha, saiu enfraquecida das eleições legislativas. Desde então, Angela Merkel tenta forjar uma coligação para poder governar o país com uma maioria. 

Desde há mais de um mês, o país é dirigido por um Executivo encarregado de gerir os assuntos correntes, com a chanceler conservadora como líder, depois das eleições legislativas de setembro, que não permitiram obter uma maioria evidente e, sem seguida, do fracasso de uma tentativa de formação de um Governo de coligação a quatro: os democratas-cristãos de Merkel (CDU), os seus aliados da Baviera CSD, os Liberais e os Ecologistas.