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Alerta: aterrou um ditador!

Rahel Klein Glória Sousa
23 de novembro de 2016

A aplicação "dictator alert" faz soar o alarme sempre que o avião privado de um ditador aterra ou levanta voo do aeroporto de Genebra. Mas para que serve sabê-lo?

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Schweiz Privatjet am Flughafen Genf
Foto: Getty ImagesAFP/F. Coffrini

Teodorin Obiang adora o luxo. E tem um gosto especial por carros caros. Mas, no início de novembro, as autoridades suíças confiscaram os onze carros de luxo que filho do Presidente, que é também o vice-Presidente da Guiné-Equatorial, trouxe no avião particular para o aeroporto de Genebra. A apreensão deu-se no âmbito de uma investigação preliminar por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

Teodorin Obiang passa muito tempo em Genebra. No último meio ano, os seus jatos particulares registaram mais de 30 partidas e chegadas. A informação é do "dictator alert", Alerta Ditador em português, uma aplicação desenvolvida pelo jornalista suíço François Pilet juntamente com um primo: "Esta ferramenta pode dar mais uma pista sobre as atividades deste tipo de líderes em Genebra. Depois temos de usar essa informação, como jornalistas, para conduzir investigações". Porque obviamente, acrescenta, o aparelho em si não "não dá informações sobre as razões que trazem essas pessoas a Genebra.”

Schweiz Autos von Teodorin Obiang Nguema konfisziert
Apreensão de carros de luxo de Teodorin Obiang em 3 de novembro de 2016Foto: picture-alliance/dpa/L. Gillieron

Instrumento de trabalho para jornalismo de investigação

O programa dá o alerta automático cada vez que aeronaves registadas propriedade de membros de regimes ditatoriais aterram em Genebra. Para isso, a aplicação usa dados fornecidos por observadores amadores de aviões, os chamados "planespotters". Estes captam os sinais emitidos pelos aviões a cada segundo através de uma antena.

As informações chegam à aplicação, que as compara com uma lista de aeronaves de ditadores elaborada pelo jornalista. Apesar do Alerta Ditador não dar informações sobre o que faz alguém como Teodorin Obiang em Genebra, o jornalista François Pilet tem uma certeza: "Mostra que tem uma relação com a Suíça e com Genebra que vai além das relações diplomáticas normais que um país tão pequeno normalmente teria com a Suíça.”

Visitas múltiplas ao paraíso fiscal

Na lista da aplicação estão registadas mais de 120 aeronaves de cerca de 20 regimes autoritários como na Coreia do Norte, Arábia Saudita, Sudão, Qatar, entre outros. Genebra é a sede de muitas organizações internacionais. E é uma cidade muito popular entre dirigentes mundiais, por motivos evidentes. Segundo a organização não-governamental "Tax Justice Network", a Suíça é a mãe de todos os paraísos fiscais. Por isso, o Alerta Ditador encontra-se em Genebra, justifica o jornalista e co-fundador da aplicação François Pilet.

Genf Bankenviertel
Os bancos suíços são famosos pela sua extrema discriçãoFoto: Picture-Alliance/KEYSTON

"Mesmo os piores líderes das piores ditaduras do mundo vêm a Genebra para participar em reuniões internacionais. Ao mesmo tempo, a cidade tem sido um porto para a corrupção. Há uma mistura dos dois papéis. E, às vezes, o aspecto diplomático pode ser usado como uma máscara,” diz Pilet

O próximo passo é instalar o instrumento de observação nos aeroportos de outras metrópoles, como Londres, Paris e Zurique. Pilet espera que os ditadores comecem a pensar duas vezes quando escolhem onde fazer os seus negócios de honestidade duvidosa.

23.11.16 Dictator Alert - MP3-Mono