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Ambiente de calma no início das eleições autárquicas moçambicanas

MJP / NI / Correspondentes / CIP / LUSA20 de novembro de 2013

Primeiras horas do dia ficam marcadas por uma afluência elevada às urnas e um ambiente tranquilo em torno das assembleias de voto, apesar de alguns incidentes e do clima de tensão político-militar vivido no país.

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Foto: DW/E. Silvestre

As eleições autárquicas em Moçambique tiveram início esta quarta-feira (20.11) às 7h00, registando-se uma elevada afluência inicial às urnas, num ambiente de tranquilidade que contrasta com o atual clima de tensão político-militar causado pelos recentes confrontos entre o partido no poder, a FRELIMO, e o maior partido da oposição, a RENAMO. De acordo com o Centro de Integridade Pública (CIP), a votação está a decorrer normalmente, embora, por vezes, de forma lenta.

Foi concedida tolerância de ponto para que os eleitores possam dirigir-se às mesas de voto, que irão estar abertas até às 18h00. Um dos primeiros votantes, dos mais de três milhões de eleitores recenseados para estas eleições, foi o Presidente da República, Armando Guebuza, que já exortou todos os moçambicanos residentes nos 53 municípios do país a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma".

Filas e alguns incidentes em votação calma

Registaram-se filas de mais de 100 pessoas para as várias assembleias de voto de Ribaué, Gurué, Chimoio, Lichinga, Maxixe, Gondola, Marrupa, Macia, Bilene, Xai Xai, Nampula, Meuda, e Massinga. Em muitos lugares, as pessoas formaram filas antes das 05h00. Ainda assim, segundo o CIP, em alguns locais como Chibuto, Angoche, Ulongué, Nhamatanda, Montepuez e Vilankulo a participação era visível logo na abertura das urnas.

Alguns relatos mencionam atrasos na abertura de assembleias de voto em Pemba, Chibuto, Chokwé e Matola. Em Nampula, registaram-se problemas nos livros de registo de duas assembleias de voto, onde os números não correspondem exactamente aos nomes das listas. Noutros locais, há queixas de campanha junto às filas de espera dos eleitores.

Na cidade de Nampula, uma candiadata foi deixada fora do boletim de voto. Filomena Mutoropa, candidata a presidente do município de Nampula pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), foi deixada de fora do boletim, ao contrário dos outros candidatos da Frelimo, MDM, e lista de cidadãos ASSEMONA. A Comissão Nacional de Eleições está reunida para decidir o que fazer, mas a votação em Nampula pode ter de ser adiada até domingo, 1 de Dezembro.

Em Chibuto, dois delegados MDM não foram autorizados a entrar numa assembleia de voto do bairro Samora Machel.

Em Sofala, de acordo com a agência Lusa, a falta de material e o atraso de emissão de listas está a afetar a credenciação de observadores nacionais para as eleições autárquicas na província. Cerca de 200 observadores do Observatório Eleitoral moçambicano colocados em Sofala não conseguiram a acreditação para as eleições municipais, segundo um supervisor da organização.

Receio de ataques nos focos de tensão

O processo eleitoral tem lugar sob o espectro da guerra que opõe os homens da RENAMO e a FRELIMO, causando receios de ir votar no seio dos eleitores. Nas regiões que representam os focos de confrontos, nas províncias de Sofala e Nampula, o medo é maior. Estas áeras são bastiões da RENAMO, o maior partido da oposição.

Na Gorongosa, região mais problemática, também os eleitores são chamados às urnas. Um eleitor deste município, Carlos Machirica, descreveu à DW um ambiente calmo e de "pouca afluência" às assembleias de voto. De acordo com este residente da Gorongosa, "a população teme disparos" nesta região, motivo que pode justificar uma fraca participação inicial. A região está a ser vigiada, de acordo com Carlos Machirica, por vários polícias e militares pelo que a segurança, afirma, "está garantida". "Espero que a eleição seja um sucesso e que termine bem, sem que haja ferimentos e violência", concluiu.

Também o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, já exortou todos os moçambicanos residentes nos 53 municípios do país a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma.

FRELIMO quer recuperar Quelimane

A FRELIMO, partido no poder, tenta recuperar a cidade de Quelimane, na província central da Zambézia, das mãos do MDM, a segunda maior força da oposição. Manuel de Araújo, presidente em exércicio, recandidata-se para o cargo, enquanto a FRELIMO tem como candidato Abel de Albuquerque. Quelimane e Beira são os únicos municípios que não são geridos pelo partido no poder.

Em Quelimane, a campanha eleitoral foi manchada por irregularidades que prejudicaram o MDM já na reta final. Obedes Obadias, correspondente da DW, registou uma grande afluência numa das maiores assembleias de voto da cidade, na avenida Eduardo Mondlane, a mais extensa de Quelimane. Vários munícipes aguardavam desde madrugada não só para exercer o seu direito de voto mas também para assumir um papel vigilante, de forma a garantir a liberdade e transparência do processo eleitoral. Os eleitores de Quelimane prometem permanecer no local até à contagem dos votos, que acontecerá após as 18h00, altura em que encerram as urnas.

Cerca de três milhões de eleitores dos 53 municípios de Moçambique estão recenseados para estas eleições municipais, as quartas do género na história do país, ensombradas pelo boicote da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique.

No escrutínio participam 18 partidos, grupos de cidadãos e associações, para a eleição de edis e membros das assembleias municipais.

Mosambik Kommunalwahl
Eleitor vota numa assembleia de voto em Pemba, Cabo DelgadoFoto: DW/E. Silvestre
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Eleitora exibe o dedo indicador com tinta indelével, depois de ter votado em Metangula, na província do NiassaFoto: DW/E. Saul
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Eleitores fazem fila para votar junto a uma assembleia de voto em Pemba, Cabo DelgadoFoto: DW/E. Silvestre
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