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CASA-CE não confia na nova direção do Fundo Soberano

Nádia Issufo
11 de janeiro de 2018

Denúncia da má gestão anterior é o que a CASA-CE espera do novo Conselho da Administração do Fundo Soberano de Angola. A formação política não confia nos "vícios" do MPLA, que nomeou os seus militantes para a direção.

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Manuel Fernandes, vice-presidente da CASA-CEFoto: DW/P. B. Ndomba

A exoneração do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola, presidido até há pouco por José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente do país, marca o fim de uma era. O clã dos Santos já não comanda os setores vitais da economia do país. Mas há suspeitas de má gestão no Fundo. E é neste contexto que é nomeado o Conselho de Administração.

A DW África ouviu as expetativas da segunda maior força da oposição em Angola, a CASA-CE sobre a nova equipa. A entrevista foi com Manuel Fernandes, o seu vice-presidente.

DW África: O que espera do novo Conselho de Administração do Fundo Soberano composto por figuras do MPLA?

Manuel Fernandes (MF): Penso que a expetativa não é tão grande, na medida em que os atores indicados pertencem a mesma fonte, são do mesmo partido. De facto, esperaríamos algo diferente se houvesse uma mudança de atores novos para essa administração. As pessoas indicadas já fizeram parte do Executivo, no entanto acho que poderão mudar uma e outra coisa, provavelmente o sentido ou objeto pelo o qual foi criado [o Fundo Soberano de Angola]. Quanto ao resto acho que é apenas uma questão de esperar.

José Filomeno dos Santos
José Filomeno dos Santos, ex-presidente do Fundo Soberano de AngolaFoto: Grayling

DW África: Este novo Conselho de Administração é nomeado numa altura em que está em curso um diagnóstico ao Fundo e há suspeitas de má gestão. Como espera que venha a ser a transição neste contexto?

MF: Penso que não se espera grande coisa. Talvez se possa esperar por uma denúncia da gestão péssima da administração anterior, porquanto as personalidades indicadas pertencem a mesma fonte, o partido que tem os mesmos vícios há mais de quarenta e tal anos. No entanto penso que há mudança de peças, quero acreditar que nada vai mudar, provavelmente o objeto pelo qual este Fundo foi criado, porque ele tinha um determinado sentido e hoje olhando para o contexto atual do país poderá diferenciar o objeto do mesmo, apenas isso.

DW África: As nomeações para cargos no Governo são normalmente baseadas também em confiança política. No caso de empresas estatais o que a sua formação defende? Esse modelo, a escolha de tecnocratas ou ainda a combinação dos dois modelos?

MF: Nós desde sempre criticamos a forma como o MPLA faz a gestão do país, porque a sua gestão baseia-se na partidocracia, ou seja, o cartão de militante expressa maior cidadania que o próprio Bilhete de Identidade. A qualquer nível, qualquer instituto em qualquer empresa, até mesmo nas promoções primeiro deve-se saber a que lado pertence ou a que partido pertence. Isto não é bom, é mau. Nós CASA-CE sempre defendemos que o que deve valer para qualquer função é primeiro a competência, o profissionalismo e o patriotismo. Esses são os elementos que devem, de facto, capitalizar para que qualquer cidadão possa ser indicado para ocupar uma determinada responsabilidade ou função em qualquer pelouro ou estrutura do país. Entendo que a confiança política é importante, mas longe disso, primeiro o patriotismo, depois o profissionalismo, a competência e lealdade. Isto é que é fundamental.

Angola: CASA-CE "não espera grande coisa" da nova direção do Fundo Soberano

DW África: Com as exonerações aparentemente já na reta final o que a CASA-CE espera do Governo de João Lourenço em termos de estratégias e planos de ação?

MF: Tenho dúvidas que se poderá conseguir o que se pretende, porque de um lado é o discurso, que de facto, mostra uma realidade diferente, mas a prática [é outra], o facto de se poder condicionar as relações estaduais por causa da defesa de um cidadão que está envolvido em casos de corrupção, isso já belisca toda a credibilidade que eu poderia depositar sobre o êxito do seu consulado. A ver vamos, mas devemos reconhecer que [João Lourenço] tem coragem, está determinado, pelo menos, em acabar com determinados vicios, mas ainda assim penso que é cedo para poder fazer qualquer vaticínio sobre um futuro airoso de Angola com base na atual direção do país.

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