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Angola: Empresários preocupados com saída de JES

30 de maio de 2017

Indefinição política em época eleitoral causa ceticismo em investidores estrangeiros e nacionais. Com negócios estagnados há anos devido à crise económica em Angola, muitos apresentam timidez para investirem no país.

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Angola Entwicklungsbank
Foto: N. S. D´Angola

O cenário é de indefinição política. Não apenas com o abandono do poder e relatos que apontam para o agravamento do estado de saúde do presidente José Eduardo dos Santos, mas pelo "perfil dúbio” de seu sucessor, o ministro da Defesa, João Lourenço. Numa altura de incertezas em época eleitoral, investidores e trabalhadores das empresas estrangeiras começam a abandonar o país.

O general João Lourenço é para os investidores estrangeiros e nacionais uma figura incógnita. Pouco ou nada se sabe sobre o seu "pensamento económico” - exceto pelos discursos genéricos de "corrigir-se o que está mal e melhorar o que está bem”, sendo este também o lema de campanha do seu partido, o MPLA, no poder desde a independência do país, há 42 anos.

Numa altura de indefinição política sobre o futuro do país, os investidores estrangeiros começam a apresentar reservas diante da ausência de garantias. Teme-se que uma instabilidade pós-eleitoral comprometa os investimentos.

Empresários estrangeiros em Angola

Angola Baustelle
Foto: N. S. D´Angola

Com eleiçoes a vistas, a falta de divisas, e a retirada do poder José Eduardo dos Santos, o ceticimismo tomou conta dos investidores.

Antonio Cascais, é um empresário português que trabalha no sector da hotelaria, que em entrevista à DW África descreveu como problemático o ambiente económico em Angola. Segundo ele é " uma expetativa perceber quais serão os mecanismos para que se estabeleça a solidez e a facilidade financeira da banca para que seja retomada a normalidade das operações bancárias. Aguarda-se que existam possibilidades de trabalhar porque neste momento esta tudo estagnado”, disse.

Relativamente ao receio que paira entre os investidores sobre a indefinição politica do pais, o empresário Acácio Matias, socio-gerente da MundiMaquinas, é de opinião que, neste momento, o mais preocupante para os empresários é a falta de divisas que a cada dia que passa vai empobrecendo as empresas e não só.

“A apreensão é o problema do preço do petróleo que não aumenta e Angola é muito dependente do exterior para além das divisas que escasseiam. É esse o problema porque a situação da moeda em Angola é uma calamidade que tem multiplicado os custos. Os empresários ficaram mais pobres bem como os empregados. O custo de vida em Angola está mal. A situação neste momento não é boa para ninguém. É claro que a situação nunca está mal para todos ao mesmo tempo, mas neste momento está mal para muita gente. E Angola tem cerca de 30 milhões de pessoas para alimentar”, afirma Acácio Matias.Em função das incertezas económicas e políticas que o pais atravessa, começa a registar-se o abandono do pais de dezenas de cidadãos estrangeiros muitos deles ligados às construtoras luso-angolanas "Teixeira Duarte" e "Mota-Engil". 

31.05.2017 Angola-Empresários estramngeiros - MP3-Mono

O presidente da Confederação Empresarial de Angola, uma organização que responde por mais de 50 associações empresariais, Francisco Viana, disse estar por dentro do ceticismo que paira entre os investidores.

“Nos todos estamos preocupados. Angola está num momento delicado mas como estamos preocupados também estamos a prevenir. O importante, como disse, é que ninguém queira entrar pela via da violência para transformar Angola num Iraque ou  transformar Angola num pais devastado como a Síria.” 

Na semana passada, João Lourenço, candidato do partido do governo (MPLA) às eleições gerais de agosto, reuniu com os empresários numa sessão de auscultação. No encontro, os empresários pediram o fim do tráfico de influencia e da corrupção nos concursos públicos nomeadamente das obras públicas. 

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