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Ativistas angolanos preparam nova manifestação em Luanda

António Rocha20 de novembro de 2014

O protesto, organizado por quatro movimentos da sociedade civil, está marcado para o próximo fim-de-semana. Ativistas pedem a demissão imediata de José Eduardo dos Santos do cargo de Presidente da República.

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A manifestação na capital angolana, cuja concentração será no Largo da Independência na tarde de sábado, 22 de novembro, e se prolongará até às primeiras horas do dia seguinte, visa exigir uma reforma política profunda em Angola. É organizada pelo Movimento das Manifestações de Angola, Movimento da Revolução de Angola, Movimento Angolano Reformador e União dos Ativistas das 18 províncias angolanas, segundo uma carta enviada ao Governo provincial de Luanda pelo Conselho Nacional dos Ativistas de Angola.

"Vamos realizar a manifestação num lugar público, por isso enviámos a carta, pois é preciso um aviso", esclarece Raul Mandela, um dos membros da organização. "Na Constituição [no artigo 47º] não está escrito que a manifestação carece de autorização."

Um outro jovem membro da organização, conhecido por "Coronel Fuba", diz que o objetivo do protesto é pedir a demissão imediata de José Eduardo dos Santos do cargo de Presidente da República. "Ele prometeu-nos um milhão de casas, um milhão de empregos, de 2008 a 2012. Não cumpriu. Há 35 anos que está no poder e nunca resolveu nada. Isso é que nos faz sair à rua", diz.

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Efeito contágio do Burkina Faso?

Segundo Raul Mandela, a carta que dava conhecimento da manifestação ao Governo provincial de Luanda foi enviada "muito antes" da revolta popular no Burkina Faso do final de outubro, em que, face às manifestações nas ruas de Ouagadougou, o Presidente Blaise Compaoré abdicou do cargo.

"Em Angola também acontecerá o mesmo. Essa é a primavera negra", diz. "O povo está descontente com a má governação. O sonho do angolano é viver livre da ditadura. Nós vivemos numa ditadura de grande calibre. Então, nós queremos uma mudança."

"Nenhuma ditadura cala a voz do povo"

O ativista nota ainda que os organizadores da manifestação não têm qualquer ligação a partidos políticos, trata-se apenas de um "movimento de pressão ao Governo" da sociedade civil. "Como cidadãos temos legitimidade de dizer basta, porque nós é que emprestámos esse poder, o poder do povo. E o povo quer esse poder de volta."

Raul Mandela está confiante de que esta nova manifestação vai surtir resultado, "porque um grande homem dizia: 'Nenhuma ditadura é capaz de calar a voz de um povo'. Temos a certeza de que mudará alguma coisa neste país. Agora se, porventura, o regime também utiliza os seus caminhos [para] inviabilizar a nossa manifestação, então, como cidadãos, temos também legitimidade de nos defender. Porque o povo vai ali e quer mudança."

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