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Autoridades investigam queda de muro na piscina olímpica

Romeu da Silva (Maputo)24 de fevereiro de 2016

Engenheiros pedem que construtores da piscina olímpica do Zimpeto sejam responsabilizados pela queda do muro que matou o selecionador nacional de natação. Fonte das construtoras diz que a obra tinha garantia de um ano.

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Muro na piscina olímpica do Zimpeto não tinha vigas nem pilaresFoto: DW/R. da Silva

A direção do Complexo Desportivo do Zimpeto, em Maputo, diz que o consórcio das construtoras portuguesas Mota-Engil e Soares da Costa deve esclarecer o que esteve por detrás do desabamento do muro do edifício da piscina olímpica, no sábado passado (20.02). A queda provocou a morte do seleccionador nacional de natação, Frederico dos Santos, e feriu, pelo menos, oito pessoas, incluindo alguns atletas que, este ano, deveriam representar Moçambique nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O empreiteiro já foi convidado a apresentar os seus argumentos, informou José Pereira, diretor-adjunto do Complexo Desportivo: "A comissão de inquérito teve o cuidado de notificar o empreiteiro e a fiscalização para que pudessem municiar a comissão de inquérito sobre todos os dados relativos a esta matéria. O empreiteiro, em tempo próprio e em sede própria, vai municiar esta comissão. E a própria comissão, em sede própria, vai apresentar o relatório."

Normas foram cumpridas, dizem construtoras

As empresas responsáveis pela construção já asseguraram que todas as normas foram cumpridas. "A obra cumpre integralmente o projeto de execução, tendo sido fiscalizada por entidade independente nomeada pelo dono de obra e acompanhada diariamente por esta, desde o seu início até à data da sua entrega definitiva", comunicou o consórcio.

Segundo fonte das construtoras, citada pelo diário moçambicano "O País", a obra tinha garantia de um ano, conforme definido no contrato assinado. A piscina foi construída em 2011, por altura dos Jogos Africanos de Maputo.

Mosambik Maputo Zimpeto Sport-Komplex Mauereinsturz
Queda do muro matou selecionador nacional de natação e provocou, pelo menos, oito feridosFoto: DW/R. da Silva

Ventos fortes e falta de vigas

O bastonário da Ordem dos Engenheiros de Moçambique, Felisberto Devesse, afirma que a parede da piscina cedeu por causa da humidade, ventos fortes e da temperatura atmosférica que ultrapassou os 43 graus Celsius. Segundo o engenheiro, a falta de pilares e vigas poderá também estar na origem da queda da parede da piscina olímpica.

"Qualquer obra de engenharia é dimensionada para aguentar todo o tipo de intempéries que tenham sido previstas", explicou o bastonário. "Isso é uma matéria que será tratada pela comissão de inquérito no exercício da sua atividade. Naturalmente que há espaço para uma responsabilização civil sobre a ocorrência."

Agostinho Vuma, da Federação dos Empreiteiros de Moçambique, considera que essa comissão deve incluir todos os intervenientes na construção do empreendimento desportivo "para evitar que, de acidente em acidente, apenas engavetamos informação útil. Temos de fazer uso dessa informação para que os projetistas tenham em conta essas ocorrências."

Um relatório preliminar da ocorrência deverá ser concluído até esta sexta-feira, 26 de fevereiro. Outra comissão já está a dar apoio logístico e psicológico às vítimas e respetivas famílias.

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