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Brasil valoriza herança africana

25 de março de 2011

Em janeiro de 2003, entrou em vigor uma lei que promove o ensino da história e da cultura afro-brasileiras nas escolas do país. Mas, por enquanto, poucas cidades concretizaram o projeto. Uma exceção é Itajaí.

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Só raras vezes a influência africana na arte brasileira é reconhecida no mundo, como na exposição "Brasil - A Herança Africana", em Paris, em 2005Foto: musée dapper

O desconhecimento da contribuição dos africanos, que chegaram como mão de obra escrava, para a História do Brasil, é quase tão grande quanto o oceano que separa os dois continentes. A distância está prestes a ficar menor. Não pela geografia, mas pela educação. Uma lei, em vigor desde 2003, obriga ao estudo da história da África e dos africanos, da luta dos negros no Brasil, da cultura negra brasileira e do negro na formação da sociedade nacional é obrigatório no currículo das escolas públicas e particulares do país.

A concretização da lei tarda

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A tradição europeia goza de maior prestígio no Brasil do que a cultura africanaFoto: picture-alliance

A intenção é boa mas a concretização dos objetivos tarda em quase todo o lado. Mas há exceções, como Itajaí, no litoral sul do Brasil. Aqui, a história da África é já uma realidade no currículo escolar. A formação dos profissionais de educação coloca o município na frente no cumprimento dos artigos que resgatam a contribuição do negro na formação da sociedade brasileira. Os professores em sala de aula são multiplicadores do que por lei já é obrigatório no currículo escolar. São 2500 profissionais com a missão de valorizar a cultura e a história africanas.

De acordo com Juliane Barbosa de Souza, que coordena o programa de diversidade étnico-racial da Secretaria da Educação da cidade, a primeira aposta foi capacitar diretores, orientadores, supervisores e funcionários das escolas: “Provermos as bibliotecas de materiais didáticos, criámos um fórum para o fortalecimento institucional, e estendemos o apoio ao ensino infantil”.

A princesa não pode ser sempre loura de olhos azuis

Rosimeri da Silva é gerente de projetos da educação infantil da cidade. Aposta na aplicação da lei para formar cidadãos livres de preconceito e racismo: "Os professores não vão discutir com as crianças o racismo em si, mas, vão apresentar literatura infantil com protagonistas negros, onde a princesa da historinha é negra, e não sempre aquela princesa loirinha dos olhos azuis".

Moro no Brasil
O Carnaval do Brasil é o exemplo perfeito da fusão de culturas africana, europeia e índia

A professora Graça Maria da Cruz Forte tinha sete anos quando deixou Angola e foi para o Brasil. Foi das que pessoas que mais lutaram pela implantação da lei, e salienta que os alunos brasileiros precisam conhecer o papel dos africanos na história do Brasil: «Aí a gente consegue identificar que povo nós somos, de onde viemos e para onde queremos ir. Conta-se muito sobre a Europa, fala-se muito sobre a questão do português que veio, que descobriu, que colonizou. Mas não se conta quem são esses escravos que vieram e tão pouco quem eram os indígenas que já se encontravam aqui». Graça Maria da Cruz Forte admite que o material didático ainda está longe de ser suficiente, mas aquilo que foi feito “já é um grande passo”, diz a professora.

Autor: Almeri Cezino (Curitiba)/Cristina Krippahl

Revisão: Helena Ferro de Gouveia