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Cabinda sofre há três meses com falta de combustível

Simão Lelo
19 de setembro de 2022

Escassez de combustível em Cabinda atinge proporções alarmantes e tira o sono aos automobilistas. População acredita que com uma refinaria funcional o problema seria ultrapassado. Irá João Lourenço cumprir as promessas?

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Foto: Simão Lelo/DW

Na tomada de posse neste seu segundo mandato, o Presidente angolano, João Lourenço, reeleito a 24 de agosto, voltou a falar no tema. "Vamos dar continuidade e concluir as  infraestruturas, como o porto de águas profundas, os aeroportos de Cabinda e as refinarias de Soyo e de Cabinda", prometeu.

A história da refinaria de Cabinda é longa. Quando o projeto foi entregue por adjudicação direta ao grupo Gemcorp, a 30 de outubro de 2019, depois de ter sido comunicada a rescisão do contrato à United Shine dois dias antes, foi apresentado como sendo um investimento de um pouco mais de 300 milhões de euros e com um prazo de execução para a primeira fase de 18 meses.

Pouco tempo depois, explicou-se que o investimento seria de 470 milhões de euros e que o prazo para entrada em funcionamento era o final de 2021.

Em 2021, o ministro dos Recursos Minerais, Diamantino de Azevedo, agora reconduzido no cargo, falou pela primeira vez num novo prazo que seria o final do 1º semestre de 2022. Em conferência de imprensa a 6 de janeiro deste ano, o Presidente João Lourenço disse que o prazo para a entrada em funcionamento da 1ª fase da refinaria seria final de junho de 2022.

Longas filas de automobilistas nos postos de abastecimento em Cabinda
Longas filas de automobilistas nos postos de abastecimento em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

Três meses sem combustível

Apesar das promessas, a falta de combustível já perdura há três meses, o que tem estado a criar numerosos constrangimentos na província angolana de Cabinda, de onde provém grande parte do petróleo do país.

Os automobilistas lamentam a falta de políticas sérias. "As pessoas estão fartas de estar nas bombas por muito tempo. Isso é uma coisa que o Governo tem de ver", apela Francisco Queta.

Domingos Joaquim Ntombe, outro automobilista ouvido pela DW, descreve as dificuldades: "Desde que chegámos, estamos na fila e não estamos a conseguir gasolina. Hoje de manhã, passei por três postos de abastecimento como o de 1° de Maio, Aníbal e do aeroporto, mas mesmo assim não consegui".

Equipamento para a refinaria de Cabinda começou a chegar à planície de Malembo em junho
Equipamento para a refinaria de Cabinda começou a chegar à planície de Malembo em junhoFoto: Simão Lelo/DW

Após derrota do MPLA, haverá solução?

Apesar de o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ter perdido em Cabinda nas eleições de 24 de agosto,  algumas figuras no seio do partido que governa o país desde 1975 têm estado a reiterar que as políticas concebidas serão cumpridas rigorosamente.

Em declarações à DW, Vicente Télica, secretário provincial de Cabinda do MPLA em exercício, diz mesmo que o problema do combustível vai conhecer uma solução.

"A conclusão da refinaria para Cabinda é um outro elemento fundamental para a solução das preocupações desta província no que concerne os combustíveis. Isto com certeza vai aliviar bastante relativamente à falta ou insuficiência desse precioso líquido", afirma.

Em junho, o equipamento para a refinaria de Cabinda começou a chegar à planície de Malembo, o local da instalação. Trata-se de uma unidade de destilação com 26 metros de comprimento e quatro metros de diâmetro.