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Cabo Verde é um exemplo de boas práticas na região africana

Joana Rodrigues5 de junho de 2015

Cabo Verde é o país africano de língua portuguesa que está mais perto dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) para 2015, graças aos progressos que tem feito na saúde, educação e desenvolvimento.

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Vista da cidade da Praia, a capital cabo-verdianaFoto: Creative Commons

Na área da saúde, os ODM propostos pelas Nações Unidas passam por reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna e combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças. A Ministra da Saúde cabo-verdiana, Cristina Fontes Lima, afirmou que o país tem registado tendências firmes de melhorias e que já cumpriu parte dos objetivos estabelecidos.

Mariano Castellon, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Cabo Verde, sustenta estas afirmações. "Cabo Verde, em termos do desenvolvimento da saúde, é um país de ponta na região africana. Conseguiu ter um patamar de desenvolvimento da saúde surpreendente. A saúde e o desenvolvimento em Cabo Verde andam de mãos dadas, porque a saúde é um pilar muito importante para o índice de competitividade do país e um componente muito importante também para o Índice de Desenvolvimento Humano."

No caso da malária, da tuberculose e do VIH/SIDA, da saúde materna e da mortalidade infantil, "o país tem indicadores muito bons e é muito provável que alcance os Objetivos do Milénio", acredita Mariano Castellon.

Mariano Castellon WHO
Mariano Castellon, da OMS, afirma que Cabo Verde já tem objetivos próprios que vão além dos ODMFoto: WHO/V. Martin

A esperança média de vida no país à nascença é de 74 anos, uma das melhores da África subsariana.

Em 2011, 96,7% das crianças já tinham sido vacinadas contra o sarampo e 94% das mulheres receberam assistência qualificada durante o parto, o que tem tido bons impactos na taxa de mortalidade infantil e na melhoria da saúde materna.

Rogério Roque Amaro, economista e professor no Instituto Universitário e Lisboa (ISCTE-IUL), também sublinha os progressos que Cabo Verde tem feito na área da saúde.

"Cabo Verde é um país de desenvolvimento humano médio, o que quer dizer que tem conseguido bons resultados em termos da saúde e da educação. As respostas em termos de infraestruturas, em termos médicos e em termos de políticas de saúde têm sido relativamente conseguidas", explica.

Além disso, acrescenta, "Cabo Verde tem indicadores de saúde muito melhores que outros países quer em termos de mortalidade infantil, quer em termos de incidência de doenças particulares como a malária, e mesmo em termos de incidência de VIH/SIDA, que podia estar melhor, é verdade, mas os indicadores não são dos piores."

Segundo o docente, Cabo Verde é um "exemplo de boas práticas" e tem conseguido ir ao encontro das metas dos ODM.

Ainda há um caminho a percorrer

Apesar dos resultados positivos, o país tem lidado com outro tipo de problemas nos últimos anos. "As autoridades sanitárias estão a fazer um trabalho de liderança para que o país avance mais além até dos Objetivos do Milénio, com objetivos próprios. Mas isso não significa que não existam desafios para o país”, afirma Mariano Castellon.

"A agenda dos problemas de saúde pública está a mudar e o país está a enfrentar novos problemas de saúde pública, alguns deles velhos, mas que estão a chegar de novo à agenda, como por exemplo o tema do alcoolismo, da insegurança e da violência. Cabo Verde tem também o desafio de enfrentar a epidemia mundial de doenças não transmissíveis. Um dos principais fatores de risco que existe no país é a hipertensão arterial."

Mas há ainda outro tipo de desafios por superar. Cabo Verde tem falta de profissionais de saúde qualificados, dificuldades na evacuação de feridos por ser um país insular, e o Estado ainda não cobre todas as despesas da saúde, o que limita o acesso por parte da população mais carenciada.

"Claro que ainda há algumas fragilidades. Em algumas ilhas, como por exemplo a Brava ou o Maio, ainda há alguns problemas de evacuação de feridos, mas isso é derivado da situação insular que obriga à evacuação de feridos para a Praia, que nem sempre é imediata, embora exista uma estratégia para isso", diz Rogério Roque Amaro.

Rogerio Roque Amaro
Rogério Roque Amaro considera que Cabo Verde é dos países africanos que melhores resultados tem conseguidoFoto: Hugo Cruz

"O Estado ainda não cobre todas as despesas médicas de acesso à saúde e é interessante ver como a comunidade local se organizou para constituir uma mutualidade de saúde, precisamente para se tentar entreajudar na cobertura das despesas de saúde. Cabo Verde ainda tem um caminho para percorrer, mas sem dúvida que é dos países que mais tem conseguido."

O economista enumera algumas das medidas que ainda são necessárias no país: "É necessário ter uma cobertura mais ampla no apoio às despesas de saúde, nomeadamente para a população mais carenciada, e, por outro lado, ter uma resposta mais territorial, o que sabemos que é difícil e tem custos elevados por causa da insularidade." Por outro lado, sublinha, é preciso "continuar a investir na formação dos recursos humanos, porque Cabo Verde continua a ter necessidade de recorrer a médicos estrangeiros, e era bom que houvesse um investimento maior na formação de técnicos de saúde de origem cabo-verdiana."

O Governo cabo-verdiano garante que quer colocar a saúde no centro das suas preocupações e apostar numa cobertura universal e igualitária.

Cabo Verde deixou de fazer parte da lista das Nações Unidas dos Países Menos Desenvolvidos em 2007, e é agora considerado um país de desenvolvimento médio. Está em 123° lugar em termos de Índice de Desenvolvimento Humano, em 187 países.

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