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Sementes "só" para membros da FRELIMO

12 de janeiro de 2017

Na província de Inhambane, no sul de Moçambique, camponeses afirmam que o Governo distribuiu sementes agrícolas apenas aos quem têm cartão de membro do partido no poder. Os outros serão obrigados a pagar preços altos.

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Mosambik Landwirtschaft
Uma machamba (campo agrícola) em Homoíne, Inhambane

O Governo moçambicano tem distribuído sementes agrícolas aos camponeses. Mas, na província de Inhambane, só quem tem cartão de membro da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), beneficia das doações, revela Bernardo Cumbe, um camponês no distrito de Morrumbene.

Mosambik Landwirt Bernardo Cumbe
Bernardo Cumbe

"Não recebo, nem apoio temos. É preciso ter cartão de membro do partido FRELIMO. Se não tem cartão, não pode apanhar nada. Se não é membro desse partido, não recebe", denuncia. Segundo Bernardo Cumbe, "as pessoas estão a sofrer muito".

Outros camponeses serão obrigados a comprar as sementes a altos preços e a produção de alimentos nesta campanha agrícola poderá estar comprometida.

Seca

12.01.17 neu sementes - MP3-Mono

Inhambane tem sido uma das províncias moçambicanas mais afetadas pela seca. Embora tenha chovido nos últimos dias, a chuva serve de pouco se os agricultores não conseguem comprar as sementes. 

José Fernando, camponês no distrito de Homoíne, disse à DW África que, para cultivar alguma coisa, é preciso comprar as sementes nas lojas, a preços altos.

"Posso dizer que há alguns projetos, mas não de doações. É de capital próprio, você vai comprar a semente que quer. A doação não é abrangente. Então, não há uma boa campanha (agrícola)", explica.

Crise económica

Os camponeses também sentem a crise económica em Moçambique no bolso. Zaina Machona vende sementes e tem tido poucos clientes.

"As pessoas entram a perguntar a quanto está. Não sei se ainda estão a apreciar preços, porque este ano está mal. Compram, mas assim a duvidar, a pensar que estamos a aumentar muito o preço", conta a vendedora.

Desde 28 de dezembro de 2016 que a DW tenta contactar a diretora provincial da Agricultura e Segurança Alimentar em Inhambane, sem êxito.