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Pressão sobre Buhari para facilitar regresso de emigrantes

Cristina Krippahl reuters,AP, dpa
14 de outubro de 2016

No encontro com o Presidente nigeriano Buhari, a chanceler alemã Angela Merkel deixou bem claro que uma prioridade da sua nova política africana é a rápida repatriação dos imigrantes clandestinos na Europa.

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Deutschland Berlin - Merkel trifft auf Muhammadu Buhari im Bundeskanzleramt
Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, encontra-se na Alemanha para uma visita oficial de três dias. Tal como o périplo da chanceler Angela Merkel a três países africanos, e a visita do Presidente do Chade a Berlim no início da semana, também esta visita de Estado se insere na nova política africana de Berlim. Esta visa uma maior cooperação a todos níveis com países-chave no continente africano, de modo a reduzir o número de refugiados que tentam chegar à Europa.

A Nigéria está entre os parceiros económicos africanos mais importantes da Alemanha, para a qual exporta petróleo e da qual importa máquinas, viaturas e produtos químicos. Não surpreende, pois, que grande parte da visita do Presidente Buhari tenha sido dedicada a encontros com empresários alemães e ao fortalecimento dos laços económicos com a Alemanha.

Prioridade para questões de segurança

Mas no topo da agenda das consultas com a chanceler Angela Merkel estiveram questões ligadas à segurança, como o combate contra o grupo terrorista islamita Boko Haram e a situação dos refugiados internos no nordeste do país. Após um encontro na sexta-feira (14/10), a chanceler teve palavras de apreço pelo papel do Presidente Buhari na pacificação da região: "Quero agradecer ao Presidente a enorme determinação com que combate o terrorismo e a criminalidade. Um primeiro sucesso já é visível. Penso que a nossa troca de impressões hoje contribuiu para fortalecer as relações bilaterais, que têm potencial para ser aprofundadas. A Alemanha também pretende apoiar a Nigéria na difícil fase económica que agora atravessa."

Libyen - Flüchtlinge auf überladenem Boot warten auf Rettung
Muitos africanos arriscam a vida para chegar à EuropaFoto: Getty Images/AFP/A. Messinis

Uma potência económica em apuros

A Nigéria é o maior exportador de petróleo e potencialmente o país mais rico em África. Mas a queda dos preços do crude mergulhou a Nigéria, cujo orçamento depende fortemente do petróleo, numa profunda crise económica. A agravá-la estão os conflitos com grupos de militantes em várias áreas do país. O mais famoso é a luta que o Estado trava contra os terroristas islamitas do Boko Haram no nordeste, uma zona durante muito tempo negligenciada pelo poder central em Abuja.

A situação de insegurança fomenta o movimento migratório rumo à Europa. Mas os nigerianos que chegam ao continente vizinho são considerados migrantes por motivos económicos, sublinhou a chanceler: "Queremos ajudar as pessoas na Nigéria que precisam de apoio. Por isso vamos ajudar a aumentar a oferta de treino profissional. A possibilidade de ter uma vida melhor não pode depender da corrupção ou do contrabando ilegal de pessoas, armas e drogas, porque tudo isto está relacionado. Mas ao mesmo tempo queremos deixar bem claro que quem não tem autorização de permanência na Alemanha - o que se aplica a 92% dos imigrantes nigerianos - será repatriado".

1410 Buhari Berlim - MP3-Mono

Pressão para a repatriação

Segundo estatísticas oficiais, cerca de 10 200 nigerianos requereram asilo na Alemanha nos primeiros nove meses do ano, o dobro do número registado em 2015, ano em que apenas oito porcento foram autorizados a ficar. 

A União Europeia (UE) pretende fechar acordos com países africanos como a Nigéria, o Níger, o Mali e a Etiópia para facilitar a repatriação de imigrantes clandestinos na Europa. A chanceler Merkel visitou recentemente os três últimos países para prometer mais ajuda e promover a cooperação em questões de segurança e emigração. Simultaneamente, a UE ameaça limitar a assistência ao desenvolvimento e a promoção do comércio caso os Estados africanos em causa, incluindo a Nigéria, não mostrem maior disponibilidade para aceitar o retorno dos emigrantes clandestinos.