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Chefe da diplomacia de Moçambique está na Alemanha para reforçar laços económicos

Nádia Issufo (Berlim)17 de junho de 2014

Oldemiro Baloi está de visita à Alemanha para atrair investimento. Em entrevista exclusiva, o ministro dos Negócios Estrangeiros desvaloriza o anúncio da suspensão do apoio de alguns doadores internacionais.

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Oldemiro Baloi, ministro dos Negócios Estrangeiros de MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa

De acordo com o chefe da diplomacia moçambicana, os laços políticos com a Alemanha estão bem consolidados, agora é necessário elevar ao mesmo patamar as relações económicas.

Por isso, Oldemiro Baloi está de visita à Alemanha desde segunda (16.06) até quarta-feira (18.06).

Recentemente, a Alemanha, em conjunto com o Reino Unido e a Noruega, anunciou que vai abandonar, no próximo ano, o grupo de parceiros de apoio programático, que, em 2014, já perdeu a Espanha, a Bélgica e a Holanda. Os países ocidentais mostraram-se insatisfeitos com os avanços na luta contra a corrupção e a falta de transparência.

Mas Oldemiro Baloi relativiza o caso, diz que há outros motivos por trás da decisão e considera que a comunidade internacional está, de uma maneira geral, bem impressionada com o desempenho de Moçambique.

DW África: O que é que o trouxe à Alemanha?

Oldemiro Baloi (OB): O reforço das relações de amizade e cooperação, a preocupação comum em ver as relações económicas a aproximarem-se o máximo possível do nível de relações políticas, a consolidação das condições políticas já existentes e o diálogo com os empresários, no sentido de os mobilizar para investir em Moçambique.

DW África: Segundo o programa do Governo moçambicano, as suas visitas foram basicamente de carácter económico e comercial. São esses aspectos que norteiam portanto também esta viagem?

OB: Tem um duplo carácter. O primeiro objetivo é de natureza política, pois vim retribuir a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha feita em 2009. Mas o programa tem duas componentes, a política, que é de sempre, e a económica que estamos a procurar desenvolver. Visitei duas empresas, visitei uma organização que trabalha em Moçambique, a Friedrich-Ebert-Stiftung, e depois tive encontros com todo o gabinete da chanceler, com o ministro dos Negócios Estrangeiros e amanhã (18.06) terei uma reunião com o ministro da Cooperação e Desenvolvimento. Portanto, são as duas faces da mesma moeda, a política e a economia.

DW África: Nos últimos tempos, assiste-se ao estreitamento de relações entre os dois países. É capaz de citar alguns exemplos concretos desses contactos?

OB:
A cooperação com a Alemanha cobre fundamentalmente quatro áreas: o apoio ao Orçamento, à educação, ao sector privado e à descentralização, no sentido de promover o desenvolvimento rural.
Ao nível do investimento, temos grandes empresas alemãs a trabalharem em Moçambique, através de seminários empresariais que têm tido lugar quer em Berlim, mas principalmente na Baviera, em que temos conseguido despertar o interesse dos empresários alemães. Quarta-feira (18.06) haverá, por exemplo, um seminário. Faz parte da minha comitiva o diretor-geral adjunto do Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique. Ainda na quarta-feira haverá mais uma interação para atualizar a informação que os empresários alemães tenham sobre Moçambique e tentar explorar mais ainda o enorme potencial que existe a nível de investimento.

DW África: No que diz respeito ao apoio ao Orçamento de Estado, a imprensa moçambicana anunciou, recentemente, que a Alemanha não irá apoiar o Orçamento de Estado em 2015. Este é um dos temas que traz para esta viagem?

OB: Sim. O que me traz a esta viagem é um quadro global, aplaudindo e agradecendo o que de bom tem acontecido e procurando resolver assuntos cuja evolução não tenha sido muito feliz. Em relação ao apoio ao Orçamento, a Alemanha não terá apoiado este ano mas deverá apoiar em 2015 [para o ano seguinte]. Eu passei essa mensagem em todos os encontros de natureza política que tive e não tive qualquer reação negativa. Aliás, pelo contrário. Devo dizer que fiquei algo surpreendido com a abertura, o apoio, a simpatia com que Moçambique é visto aqui, que nem sempre é o que transpira em Moçambique. Portanto, a surpresa está na intensidade desta relação. Alguns [parceiros] evidenciam mais um ou outro aspecto negativo numa avaliação global que é francamente positiva.

DW África: À semelhança da Alemanha, também o Reino Unido anunciou que não está satisfeito com a prestação moçambicana em termos de gestão das ajudas. O que é que responderia à comunidade internacional quando se fala e fica comprovada alguma má gestão além de casos de corrupção que são imputados aos mais altos escalões da gestão em Moçambique?

OB: Eu penso que há uma generalização precipitada. A gestão da ajuda por parte de Moçambique tem sido aplaudida internacionalmente. Surgiram recentemente dois casos que não terão agradado à comunidade internacional, e vai daí que tem havido críticas em relação à atuação do Governo.
O diálogo para a busca de esclarecimentos para esses factos continua. Mas as pessoas já tiraram conclusões, já fizeram posicionamentos. Agora, manda a verdade dizer, nem sempre estes recuos e a suspensão da ajuda, nalguns casos, tem a ver com a penalização a Moçambique. Também tem a ver com dificuldades internas. Mas é mais cómodo imputar responsabilidades a Moçambique. Recentemente realizou-se a reunião de Moçambique com os países de apoio programático, que inclui o apoio ao orçamento de Estado. E os parceiros, de um modo geral, manifestaram satisação pela performance de Moçambique e prometeram financiar o país com 500 milhões de dólares – melhor evidência que esta não pode haver.

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Eröffnung Büro Wirtschaftsförderung Mosambik Deutschland
Embaixador alemão, Philip Schauer, e ministro moçambicano do Comércio e Indústria, Armando Inroga, na inauguração do Gabinete para o Fomento Económico em Moçambique, em abril de 2014Foto: DW/R. da Silva
Deutschland Außenminister Guido Westerwelle mit Mosambiks Außenminister Oldemiro Baloi
Ex-chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, e o homólogo moçambicano durante a visita a Maputo em 2013Foto: DW/R.da Silva