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Como salvar as florestas da Guiné-Bissau?

Fátima Tchumá Camará (Bissau)16 de novembro de 2015

Todos os anos, a Guiné-Bissau perde dezenas de milhares de hectares de zonas verdes. As florestas comunitárias poderão ser uma forma de travar a desflorestação desenfreada.

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Foto: DW/F. T. Camara

Anualmente, são destruídos mais de vinte mil hectares de área florestada na Guiné-Bissau. Até agora, mais de uma centena de florestas comunitárias escaparam à desflorestação desenfreada. Segundo a Federação Camponesa KAFO, essas florestas, que estão a ser criadas em várias regiões guineenses, poderão ser uma forma de salvar o que resta das zonas verdes do país.

"São zonas que permitem às comunidades terem acesso rápido a recursos indispensáveis, que garantem uma soberania alimentar e a melhoria da economia familiar rural", diz Sambu Seck, diretor executivo da KAFO, que promove a criação de florestas comunitárias no país.

Segundo o responsável, há atualmente mais de 20 mil hectares de florestas comunitárias que estão a ser "bem geridas" por "agentes florestais que foram formados e se ocupam da manutenção dessas áreas."

Nicht zerstörte Wald in Guinea-Bissau
Floresta comunitária de Gã QueboFoto: DW/F. T. Camara

Um dos desafios, segundo a federação, é conseguir legalizar estas florestas comunitárias, onde vivem mais de 15 mil famílias. Sem proteção legal e ao ritmo de desflorestação atual, os especialistas temem que as florestas comunitárias possam ser as 'próximas vítimas'. Isso teria consequências terríveis, de acordo com Sambu Seck.

"As florestas permitem preservar a fauna e a fertilidade da terra. E também contribuem para preservar os recursos hídricos e travar o processo da seca", diz.

Florestas, garante de sobrevivência

AbgemahnteBaumstämme in Wald von Guinea-Bissau
Troncos apreendidosFoto: DW/F. T. Camara

É também a estas florestas que as populações vão buscar tudo para garantir a sua sobrevivência.

"A floresta comunitária ajuda-nos muito bem", diz Saído Cisse, responsável de apicultura na povoação de Gã Quebo, no norte da Guiné-Bissau.

"Por cada saca de carvão produzido cobramos uma taxa de 100 francos CFA (15 cêntimos de euro). Os caçadores pagam ainda, por cada gazela, mil francos ao comité de gestão (€1,50). É com esse fundo que pagamos aos professores, construímos a mesquita e a estrada. Por isso, não aceitamos a desflorestação que se verificou na Guiné-Bissau."

Centenas de contentores de troncos apreendidos

Segundo apurou a DW África, de 2012 a 2014, saíram do porto de Bissau mais de oito mil contentores com troncos de pau de sangue, uma das espécies raras nas savanas africanas.

Para estancar a exportação e desflorestação, o Governo da altura criou um comité para identificar e confiscar os troncos.

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"Conseguimos localizar 80.878 troncos", informa Sadjo Baio, presidente do comité. "Desses, conseguimos transportar 43.574 troncos do interior para Bissau. Temos também contentores identificados. Estão aqui em Bissau 372, faltam trazer 890 contentores."

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