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Conflito em Moçambique tem pouca cobertura na Alemanha

Cristiane Vieira Teixeira25 de outubro de 2013

A interceptação de 800 refugiados africanos no Mediterrâneo foi notícia para a imprensa alemã, nesta sexta-feira. A quebra do Acordo Geral de Paz, em Moçambique, causou algumas, mas não muitas reações na mídia alemã.

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Foto: Fotolia

As hostilidades em Moçambique, onde esta semana a RENAMO, o maior partido da oposição, chegou a anunciar o fim do Acordo Geral de Paz de Roma, não ganharam grande atenção na imprensa alemã.

Três jornais noticiaram o agravamento do conflito entre o Governo e a RENAMO. No entanto, as publicações só foram feitas a partir da quarta-feira, dois dias após os confrontos mais fortes.

"21 Anos de Paz são Suficientes" é o título da matéria do jornal alemão Die Tageszeitung na qual se explica a história por trás da quebra do Acordo de Paz de 1992 em Moçambique.

"A RENAMO, o mais importante partido da oposição, declarou o retorno à guerra civil" escreve o jornalista, depois de citar as promissoras reservas de gás e carvão pelas quais "os investidores fazem fila".

No texto, reconhece-se que a FRELIMO, o partido no poder, "trouxe a paz a Moçambique", mas também se critica o facto de que "o presente de muitas pessoas continua a ser terrível", o que teria gerado as diversas hostilidades que marcaram o ano no país e que se agravaram, levando Governo e RENAMO às armas nos últimos dias.

Fim da paz

Unruhen in Mosambik
Tropas do Governo a caminho de Satunjira, no dia seguinte ao ataque que desacomodou o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, da sua base na GorongosaFoto: picture-alliance/dpa

"Em Moçambique, Rompem-se 20 Anos de Paz" escreve o Berliner Zeitung, acrescentando que a luta pelo poder recorre agora à violência aberta. O jornal da capital alemã descreve as exigências da RENAMO e as fracassadas tentativas de negociações diretas entre Afonso Dhlakama e Armando Guebuza.

O Berliner Zeitung aponta o ataque pelas forças do Governo, na segunda-feira (21.10), a uma base da RENAMO na Gorongosa como o estopim para o fim da paz.

Destaca-se ainda que se tratou de uma tentativa de matar Afonso Dhlakama, que escapou com saúde e se encontra em local desconhecido, apesar de os militares terem qualificado o ataque como uma retaliação a ações violentas anteriores perpetradas pela RENAMO.

Especialistas ouvidos pelo Berliner Zeitung consideram improvável o retorno de Afonso Dhlakama à luta armada.

Desde os tempos da Guerra Fria

Já o Süddeutsche Zeitung escolheu o título “Medo da Guerra Civil” para relatar os acontecimentos em Moçambique. Além de explicar os motivos do agravamento da crise política com o uso da violência, o jornal cita testemunhas para relatar os combates e a fuga dos civis, que deixaram suas casas como precaução.

Mosambik Krise Flüchtlinge
Com a troca de hostilidades entre tropas do Governo e da RENAMO, moradores de Maringué deixam as suas casas por precauçãoFoto: picture-alliance/dpa

O Süddeutsche Zeitung retorna à Guerra Fria para lembrar a história do conflito em Moçambique. Depois da independência, a FRELIMO - então marxista-leninista, apoiada pela União Soviética - e a RENAMO – apoiada por Estados Unidos, Rodésia e África do Sul - travaram uma sangrenta guerra civil, explica o jornalista.

O jornal destaca ainda o potencial energético do país e o crescimento económico registrado nos últimos anos que poderia ser prejudicado com a instabilidade que a crise pode gerar e manter.

Africanos resgatados em Lampedusa

Nesta sexta-feira (25.10), as fugas dos africanos com destino à Europa voltaram a ser notícia na Alemanha. As versões digitais do Frankfurter Allgemeine Zeitung, do Die Welt e do Die Zeit, entre outras publicações, noticiaram a interceptação de barcos com mais de 800 imigrantes ilegais provenientes de África em diferentes operações no mar Mediterrâneo, na costa italiana, próximo de Lampedusa.

Alguns refugiados foram encaminhados para Lampedusa, outros foram para locais diferentes. O jornal lembrou a tragédia ocorrida no início do mês na mesma região, quando um barco com imigrantes africanos naufragou na costa de Lampedusa deixando cerca de 360 mortos.

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