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Convívio "pacífico" entre elefantes e comunidades será tema de formação em Angola

Madalena Sampaio20 de agosto de 2014

Na província angolana de Cabinda, a população tem contestado a invasão por elefantes de aldeias e lavras de camponeses. Os ataques já provocaram a destruição de vários campos de cultivo.

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Elefante na selva africanaFoto: Fotolia/cathames

Este conflito tem estado a fazer movimentar algumas espécies de Angola para a República do Congo e vice-versa.

Para tentar conciliar a conservação dos elefantes com a melhoria das condições de vida das populações, especialistas nacionais da agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) deslocaram-se recentemente a Cabinda.

E para o próximo mês está também prevista a visita de especialistas internacionais, que vão dar formação às comunidades sobre como conviver com os elefantes sem os abater.

Um kit de 45 soluções para diminuir a tensão entre o homem e o elefante está já a ser desenvolvido. O secretário executivo da Iniciativa Transfronteiriça de Maiombe, Agostinho Chicaia, adiantou à DW África algumas dessas propostas: “O redimensionamento da extensão rural, ou seja, novas áreas para se fazer agricultura fora das rotas habituais dos elefantes. Ou então, a instalação de mecanismos para afugentar os elefantes.”

Afinal os elefantes regressam a casa

Angola Landwirtschaft Kwanza Sul
Camponesa trabalha a terra no Kwanza Sul, AngolaFoto: Jörg Böthling/Brot für die Welt

A destruição das lavras acontece praticamente na fase de colheita. Coincide também com a época seca, altura em que os elefantes deixam as florestas à procura de alimentos e de água.

Apesar de não existir ainda nenhum estudo, o coordenador do projeto transfronteiriço Maiombe diz que tudo leva a crer que o fim de mais de três décadas de conflito armado fizeram retornar os elefantes ao seu habitat natural, que é agora ocupado pelas populações.

Por isso, é importante ouvir os mais velhos das aldeias, que têm conhecimento sobre o movimento dos elefantes antes da guerra em Angola, segundo Agostinho Chicaia: “Temos estado a trabalhar com os sobas. É importante associar as comunidades àquilo que estamos a fazer."

Chicaia garante também que "vai haver formação primeiro para os consultores nacionais e depois com as populações locais porque a ideia que se tem é de uma agricultura de conservação, mostrar às comunidades como ao mesmo tempo podemos produzir e conservar.”

O corte de determinadas árvores, que produzem fruta apreciada por elefantes, para a exploração da madeira é outras das possíveis causas apontadas por Agostinho
Chicaia para o que tem estado a acontecer em Cabinda.

Consciencialização sobre preservação

Afrika Wilddiebe Wilderer Elefant
Angola é considerado um dos principais pontos de venda de marfim ilegal em ÁfricaFoto: AP Photo/Courtesy Karl Amman

O secretário executivo da Iniciativa Transfronteiriça de Maiombe mostra-se otimista quanto à resolução do problema: “As populações entenderam que a sustentabilidade da sua floresta tem a ver também com a preservação dos elefantes."

E, em segundo lugar, prossegue Agostinho Chicaia, "tudo vai ao encontro dos seus interesses também. Pensamos que a nossa contribuição deve ajudar as populações naturalmente a criarem alternativas.”

Segundo Agostinho Chicaia, na parte da floresta do Maiombe na República Democrática do Congo (RDC) já não há elefantes. E os que lá circulam são provenientes de Angola, do Congo e do Gabão.

É, por isso, cada vez mais importante contabilizar o número existente de elefantes e as suas rotas, sublinha o responsável: “Essa é uma grande preocupação. Pensamos trabalhar com o Instituto Jane Goodall nos próximos tempos. E estamos já a preparar as células de referência para se fazer com os métodos existentes uma avaliação minimamente avaliativa do tamanho desta manada de elefantes.”

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A preocupação face à situação em Cabinda será manifestada ao Comité de Ministros da Iniciativa Transfronteiriça de Conservação da Floresta de Maiombe, que no final do ano se deverá reunir na capital angolana, Luanda.

A Iniciativa, que envolve Angola, Congo Brazzaville, Congo Democrático e Gabão, vai passar a Comissão de Gestão de Maiombe (COGEMA) e estará diretamente sob alçada das Nações Unidas, revelou ainda Agostinho Chicaia.

O declínio da espécie em África é de 2% a 3% ao ano, segundo uma pesquisa agora publicada pela revista científica “PNAS”, da Academia Americana de Ciências.De 2010 a 2012, foram caçados ilegalmente em África 33.630 elefantes.A caça ilegal de elefantes no continente pode ser pior do que se estimava, o que ameaça o futuro do animal.

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