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Cristãos e muçulmanos juntos contra Boko Haram

Moki Kindzeka / AFP / mjp21 de janeiro de 2016

Após três anos de ataques contínuos do grupo radical Boko Haram, cristãos e muçulmanos unem forças nos Camarões para se protegerem uns aos outros.

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Kamerun Yaounde Tsinga Moschee
Foto: DW/M. Kindzeka

Todas as sextas-feiras, centenas de muçulmanos ouvem a habitual chamada para a oração e reúnem-se para rezar na mesquita central de Mozogo, na fronteira dos Camarões com a Nigéria. Do lado de fora, dezenas de homens vigiam a mesquita. Não são os habituais seguranças que se vêem nestes locais de culto. Esses estão no interior do edifício. Aqui, à entrada da mesquita, a vigilância cabe aos voluntários cristãos, enquanto os muçulmanos rezam.

Joseph Klofou, membro da Igreja Protestante dos Camarões, explica que a sua igreja decidiu vigiar as mesquitas para que os muçulmanos não sejam obrigados a falta às orações: "Sinto-me frustrado por ver os meus irmãos e irmãs serem mortos. Tenho de agir e ao mesmo tempo rezo a Deus para que envie os seus anjos e guerreiros para combater o Boko Haram, porque ele é o Deus misericordioso dos exércitos", diz Klofou.

Djafarou Alamine, membro da mesquita central de Mozogo, afirma que também os muçulmanos vigiam as igrejas enquanto os cristãos rezam.

"Estou disposto a lutar porque o Boko Haram é um grupo de pessoas más. O Islão condena tudo o que têm estado a fazer, tanto a cristãos como muçulmanos, que são todos criaturas de Deus, apesar das suas diferenças religiosas", diz Alamine.

De mãos dadas

Há três anos que o Boko Haram realiza ataques contínuos nos Camarões, num esforço para criar um califado islâmico na região. Na segunda-feira (18.01), um jovem bombista suicida detonou-se numa mesquita em Guetchewe, uma localidade na fronteira com a Nigéria, matando cinco pessoas. Cinco dias antes, outro ataque suicida numa mesquita da localidade de Kouyape fez 12 mortos.

Da população de 23 milhões do país, 40% é cristã, 20% é muçulmana e 40% segue religiões tradicionais.

Soldat Kamerun Maschinengewehr West Afrika
Nos últimos meses, soldados camaroneses aumentaram a sua presença na fronteira com a NigériaFoto: picture-alliance/dpa/T.Graham

Midjiyawa Bakari, governador da região do Extremo Norte dos Camarões, considera que a derrota dos radicais islâmicos só pode ser alcançada com a união de todos os grupos religiosos camaroneses.

"Aplaudimos esta iniciativa, em que muçulmanos guardam igrejas e cristãos guardam mesquitas. Condenamos as acções do Boko Haram e pedimos a todos os camaroneses que combatam o grupo", afirma Bakari. "Enviamos condolências a todas as famílias que perderam entes queridos."

Desde 2009, a insurgência do Boko Haram já fez mais de 17 mil vítimas mortais, de acordo com dados da organização Médicos Sem Fronteiras. 50 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.

O ministro da Comunicação e porta-voz do Governo dos Camarões, Issa Tchiroma Bakary, também aplaude a cooperação entre cristãos e muçulmanos na luta contra o grupo radical nigeriano.

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"Os Camarões são um país onde tanto padres como imãs vão a igrejas e mesquitas para pregar e rezar durante serviços religiosos. É um tesouro que temos de guardar", conclui.