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Culto em vez de protesto contra a chefia da Sonangol

26 de novembro de 2016

O protesto contra a nomeação de Isabel dos Santos para a Sonangol foi proibido para dar lugar a uma ação de graças pela independência. Mas os organizadores não se dão por vencidos e prometem sair às ruas.

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Marcha pela paz em vez de protesto contra a chefe da Sonangol, Isabel dos SantosFoto: DW/P. Borralho Ndomba

Pela primeira vez, o Largo da Independência, em Luanda, foi transformado num local de culto. Dezenas de pessoas juntaram-se ali para celebrar "O Papel da Mulher Religiosa na Consolidação da Paz em Angola". A missa começou às 9 horas e só terminou às 15h30.

O reverendo Antunes Huambo, do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), disse que a cerimónia serviu para celebrar os 41 anos da independência do país.

"Depois da colonização portuguesa, o país comemora o 41º aniversário da independência. Estamos felizes pelo facto de o nosso Governo nos ter autorizado a vir aqui, pela primeira vez, ao Largo da Independência para o culto de ação de graças a Deus", disse o responsável à DW África.

Para o local esteve previsto um protesto contra a nomeação da filha do Presidente angolano, Isabel dos Santos para chefiar a petrolífera angolana, a Sonangol. Mas a manifestação foi proibida esta semana pelo Governo provincial. 

As autoridades angolanas justificaram que o culto tinha prioridade, tendo em conta o envio da notificação sobre a atividade com maior antecedência e a "participação de um número considerável de pessoas".

Angola Protest für Frieden in Luanda
Grupo religioso reuniu-se no Largo da IndependênciaFoto: DW/P. Borralho Ndomba

Partido no poder 'semeia a revolta'

No local, as autoridades montaram um forte dispositivo de segurança, com polícia a cavalo e cães-polícia. 

Segundo o superintendente Mateus André, os agentes estavam preparados para "repor a ordem e tranquilidade pública" caso os promotores insistissem em levar para a frente o protesto contra a nomeação de Isabel dos Santos.

Mas os organizadores avisaram os apoiantes que a manifestação, prevista para as 15 horas, foi proibida. O protesto não se realizou e não houve registo de nenhum incidente.

"Este aparato não se justifica, mas na boca dos bairros a polícia estava sedenta de sangue. Não fizemos nada porque sabemos da apetência deles", afirmou William Tonet em entrevista à agência de notícias Lusa. O jornalista angolano foi um dos promotores do protesto, em conjunto com o ex-primeiro-ministro angolano Marcolino Moco e o ativista Luaty Beirão.

"Com esta postura, o MPLA está a semear as sementes da revolta social", concluiu Tonet. 

O jornalista acrescentou que o protesto contra a chefia da Sonangol vai realizar-se - seja numa "nova data" ou através de uma "manifestação espontânea".