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Deputados alemães apelam ao diálogo em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)25 de abril de 2016

Sem estabilidade política, não pode haver investimentos alemães em Moçambique. Foi a mensagem que deixou a missão parlamentar que esteve no país. Ofereceu-se ainda para ajudar a encontrar solução pacífica para a crise.

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Foto: picture-alliance/dpa

Parlamentares do Bundestag, o Parlamento da República Federal da Alemanha, concluíram a visita a Maputo no último sábado (23.04), defendendo que Moçambique deve restabelecer a paz para facilitar a presença no país de empresários alemães.

"Uma condição para a continuação dos investimentos alemães em Moçambique é a estabilidade política", afirmou o chefe da delegação da Comissão de Assuntos Económicos e Energia do Parlamento da Alemanha, Joachim Pfeiffer. "Só assim é que se pode ter segurança nos investimentos", salientou.

Segundo Joachim Pfeiffer, a Alemanha espera que haja um "entendimento pacífico" para o desenvolvimento social e económico do país. "gostaríamos de ver Moçambique em paz. Aliás, esta é uma situação que pode facilitar a presença aqui em Moçambique de empresários alemães", declarou no final de uma deslocação ao Parlamento moçambicano. "Temos plena consciência de que o Governo moçambicano, dirigido pelo Presidente Filipe Nyusi está a trabalhar para acabar com a tensão político militar".

Joachim Pfeiffer MdB Waiblingen CDU
Joachim Pfeiffer é deputado federal do CDU, o partido da chanceler alemã, Angela MerkelFoto: Joachim Pfeiffer

O chefe da delegação parlamentar fez estas declarações poucos dias depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, se ter reunido em Berlim com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com empresários alemães. Em novembro, um grupo de empresários da Alemanha também já tinha visitado Moçambique para sondar oportunidades de negócio.

Apelo ao diálogo

Joachim Pfeiffer reconheceu que Moçambique dispõe de enormes potencialidades para um crescimento rápido e sustentável, mas sublinhou que só num ambiente de paz e estabilidade é que será possível atrair investimentos nacionais e estrangeiros e apelou ao diálogo entre as partes em conflito.

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No final de um encontro com os parlamentares alemães, o primeiro vice-presidente do Parlamento moçambicano, José Amélia, disse que estão a ser feitos todos os esforços para o restabelecimento da paz no país. "Foi uma ocasião nobre para podermos explicar aquilo que é a nossa vontade, aquilo que tem sido o empenho para que a estabilidade volte no nosso país", declarou.

Moçambique vive um clima de tensão político-militar desde as eleições gerais de 2014, cujos resultados são contestados pelo maior partido da oposição. A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) ameaça governar nas seis províncias onde alega ter ganho as eleições.

Liga Moçambique-Alemanha

Durante o encontro entre as delegações dos parlamentos moçambicano e alemão, as duas partes abordaram a situação política em Moçambique, a cooperação bilateral e as perspetivas económicas do país.

José Amélia disse que as delegações defenderam a necessidade da entrada em funcionamento da Liga Parlamentar Moçambique-Alemanha, criada no ano passado.

O responsável acredita que este pode um veículo muito importante no relacionamento entre os dois Parlamentos, já que "poderá movimentar delegações parlamentares da Assembleia da República e delegações do Parlamento alemão".

A missão do Bundestag manteve ainda um encontro com a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nyeleti Mondlane, e visitou alguns projectos.

Deutschland Angela Merkel empfängt Filipe Nyusi
A chanceler Angela Merkel recebeu o Presidente Filipe Nyusi em Berlim (19.04.2016)Foto: Reuters/H. Hanschke

A cooperação bilateral completou 40 anos em 2015, período durante o qual a ajuda da Alemanha a Moçambique atingiu mais de mil milhões de euros. Os dois países cooperam nas áreas da educação, descentralização administrativa, apoio às pequenas e médias empresas, desenvolvimento rural, energia, entre outras.

Em 2015, a Alemanha anunciou a sua retirada do Grupo de Apoio Programático a Moçambique (G19), mas reiterou que mantinha a sua ajuda ao país. A decisão foi tomada pelo Parlamento da Alemanha por não concordar com o apoio directo ao Orçamento do Estado, alegadamente porque esta modalidade de ajuda não permite um controlo directo da utilização dos fundos concedidos.

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