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Dhlakama põe de lado "Governo de gestão" e faz nova proposta

António Rocha9 de dezembro de 2014

No mínimo, a RENAMO deve governar nas províncias em que venceu, diz o líder do partido. Afonso Dhlakama afasta-se agora da ideia de criar um "Governo de gestão", que propôs anteriormente.

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Foto: António Cascais

Foi o "cavalo de batalha" do líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, até à semana passada: constituir um "Governo de gestão" em Moçambique – um Governo de unidade nacional que administraria o país nos próximos cinco anos.

"Prometo que vamos criar o 'Governo de gestão'", garantia Dhlakama na quinta-feira passada (04.12) durante um comício em Nampula, no norte do país. "Toda esta gente quer que eu seja Presidente da República e que entre já no Palácio. Porque, mais uma vez, roubaram-me 35 por cento [dos votos]".

Mas, dois dias depois, também em Nampula, o líder da RENAMO mudou de discurso. Afonso Dhlakama disse que o seu partido quer governar sozinho em Moçambique ou, pelo menos, nas províncias em que venceu as eleições. Foi essa a vontade manifestada pelos populares, diz Ivone Soares, dirigente da RENAMO que acompanhou a viagem de Dhlakama ao norte do país. Soares escreveu na rede social Twitter: "Os meus irmãos negaram que se poupe a FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique] desta vez".

O porta-voz da RENAMO, António Muchanga, confirma que Dhlakama mudou de posição em resposta à "exigência popular".

"As populações residentes nas regiões centro e norte não querem um 'Governo de gestão', eles querem o presidente Dhlakama a governar o país", disse o porta-voz à DW África. "Ele tentou explicar às pessoas que, constitucionalmente, não é possível que ele forme um Governo. Por isso, as pessoas exigiram que ele indicasse os governadores e administradores nas províncias onde ele ganhou as eleições."

A RENAMO mantém-se firme: "Não podemos deixar que qualquer ladrão de votos assuma os destinos do país", afirmou Muchanga.

Muchanga sublinha que o partido tentou encontrar uma solução política com o Governo. No entanto, isso não terá sido possível, depois de, em Roma, o Presidente da República rejeitar a proposta do partido de criar um "Governo de gestão". Armando Guebuza referiu, na altura, que tal decisão seria um ato de "anarquia".

Tensão é "natural"

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O analista político moçambicano Silvestre Baessa olha para estas trocas de palavras com naturalidade. "O tempo começa a escassear. Espera-se que muitos dos assuntos que foram negociados com o Presidente Guebuza, sobretudo a negociação dos vários pontos ainda em falta, possam ser concluídos antes da tomada de posse do novo Governo. Por isso, é natural que, nesta altura, as negociações estejam mais tensas, sendo importante explorar todos os trunfos."

Por outro lado, segundo Baessa, para se entender a mudança de posição de Afonso Dhlakama também é preciso olhar para as duas cidades que o líder da RENAMO escolheu visitar: Nampula e Quelimane. "Nesses dois locais, a posição dos grupos que apoiam a RENAMO foi sempre de que a fraude não podia ser simplesmente aceite."