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Dino D’Santiago: “Estar em Cabo Verde despertou um novo eu”

Filipa Serra Gaspar1 de março de 2016

Dino D’Santiago é considerado por muitos críticos como a nova voz de Cabo Verde. A DW África entrevistou o músico, após um concerto na cidade de Bona, na Alemanha, onde Dino revelou a importância das suas raízes.

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Dino D'Santiago em Bona (27.02)Foto: Georg Staniszewski

Claudino de Jesus Borges Pereira, mais conhecido por Dino D’Santiago. Trouxe até à Alemanha a "morabeza" cabo-verdiana, acompanhado pelos músicos Miroca Paris e Tuniko Goulart. O público dançou ao ritmo das músicas influenciadas pela fusão de sons africanos.

Nasceu e cresceu em Portugal, mas não esqueceu as suas raízes em Cabo Verde. O próprio nome, Dino D’Santiago é um tributo à família. “A minha avó, o meu avô e os meus pais nasceram em Santigo, no interior de Santigo, então foi mesmo um tributo a eles”, afirma sorridente.

"Sinto-me mesmo muito honrado"

Para os críticos, Dino D'Santiago é a nova voz de Cabo Verde. "Sinto-me mesmo muito honrado quando dizem isso mas ao mesmo tempo sei que existem muitas novas vozes que cantam música tradicional cabo-verdiana e que têm um grande valor", diz o músico.

Dino D'Santigo Konzert in Bonn
Dino D'Santiago em Bona (27.02)Foto: Georg Staniszewski

Confessa que algumas das suas inspirações em Cabo Verde são “sem dúvida” Tito Paris, Bulimundo, Ildo Lobo, Zeca di nha Reinalda, Mayra Andrade, Tchecka e Sara Tavares.

Desde cedo esteve em contacto com a música, através dos pais que lhe transmitiram uma familiaridade com o crioulo e a música cabo-verdiana e também através da participação em coros ou a escrever refrões para algumas músicas.

"Desde criança que Cabo Verde tem aquela influência muito forte porque os meus pais ouviam muitas músicas tradicionais de Cabo Verde quando emigraram, como Bulimundo, Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, e então sempre houve uma grande familiariedade com o crioulo. Mas como cresci no sul de Portugal, em Quarteira, a minha geração já ouvia muito hip-hop, foi quando o hip-hop começou a aparecer. Então ouvíamos muito hip-hop e soul music e eu fazia sempre os refrões, os refrões cantados. Eles escreviam, mas foi através do hip-hop que comecei a a ganhar gosto pela escrita, e passado tantos anos veio-se refletir agora", explicou Dino.

"Cabo Verde despertou um novo eu"

Dino D'Santigo Konzert in Bonn
Dino D'Santiago em Bona (27.02)Foto: Georg Staniszewski

A carreira de Dino D’Santiago começou em 2003 num programa televisivo de talentos em Portugal. A partir daí, esteve envolvido em vários projetos e bandas musicais.

Em 2008, lançou o primeiro albúm a solo, "Eu e os Meus", com o pseudónimo de Dino SoulMotion, onde contou com a participação de vários artistas. No ano a seguir, conquistou o prémio Portuguese Best Act da MTV ao lado de Virgul com a música "This is for my people" do projeto Nu Soul Family.

Mas 2010 foi o ano de mudança quando Dino partiu para Cabo Verde em buscas das suas raízes: "estive em Cabo Verde e aí mudou mesmo radicalmente toda a minha perspetiva, toda a minha forma de compor e vi que era muito natural escrever em crioulo, e aquelas histórias do quotidiano, tudo assim tão próximo. Despertou um novo eu que desconhecia assim a esse nível. Sentir que as coisas saiem com tanta facilidade. Eu vivi em Portugal a vida toda, nasci em Portugal, mas foi em Cabo Verde que tudo aconteceu. Eu acredito que as almas são muitos antigas..."

O resultado desta mudança foi o albúm “Eva” lançado em 2013, que foi distinguido nos Cape Verde Music Awards de 2014 nas categorias de melhor albúm acústico e a música Kabu Tchora como melhor Batuko /Kola Sanjon.

[No title]

Ainda em 2016 deverá chegar o novo albúm “Dentu Bó”. "Já tenho dos 10 temas que quero no albúm e que fui compondo durante as minhas viagens", diz o músico.

Para além dos 10 temas, Dino D'Santiago tem um novo desafio: "A pintura é uma paixão para mim. Pinto desde criança, já ganhei vários concursos ao nível da pintura e então tenho agora esse desafio de por cada tema que escrevo, desenhar um rosto ou desenhar uma imagem que caracterize o tema. Não gosto de pintar por obrigação, mas sim como um repouso para o meu espírito".

Dino D'Santigo Konzert in Bonn
Dino D'Santiago em Bona (27.02)Foto: DW/F. Serra Gaspar
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