1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Projeto em Lichinga: "Lixo é riqueza"

Manuel David (Lichinga)
29 de setembro de 2017

O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado para incentivar os camponeses a investir na reciclagem orgânica, reduzindo os custos com adubos químicos e aumentando a produtividade dos campos de cultivo.

https://p.dw.com/p/2kylV
Mosambik - Mülltrennung in Lichinga
Centro de Demonstração de Compostagem Orgânica do Lichinga. Foto: David, Manuel

Na cidade de Lichinga, província de Niassa, jovens apostam na compostagem para minimizar problemas de lixo. Inserido no projeto "Lixo é riqueza”, o Centro de Compostagem pretende incentivar produtores à reciclagem orgânica, diminuindo os custos com adubos químicos e aumentando a produtividade dos solos.

A coleta acontece de forma seletiva. Primeiro, eles escolhem resíduos sólidos e orgânicos. Normalmente, tratam-se de podas de árvores, restos de alimentos, folhas das árvores, restos de serradura, farelo e excremento bovino. O lixo selecionado é então levado a um campo de produção com vários tipos de compostos orgânicos: alguns por baixo da terra, e outros aéreos.

02.10 Compostagem no Niassa - MP3-Mono

Júlio Benesse, membro da iniciativa, contou que, dentro desses compostos, eles fazem a separação dos resíduos, como podas de árvores numa camada, restos de verdura em outra, grãos e restos de alimentos juntos e, por fim, a terra que se usa para a produção de hortícolas. "Nessa fase, é preciso fazer a mistura de tudo que possa influenciar a compostagem de resíduos orgânicos. Depois de dois a quatro meses de decomposição, o resultado desse processo é o adubo orgânico, que acaba sendo utilizado no campo de produção”, explicou Benesse.

Recursos do próprio quintal

O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado este ano pelo Comitê de Monitoria de Responsabilização Social. O edil de Lichinga, Saíde Amido, visitou recentemente o Centro de Compostagem e apelou à população para reaproveitar os resíduos. Amido disse que o melhor gestor de resíduos sólidos da cidade é o próprio morador. "Aqui ficou claro que, em vez de pensarmos que tudo é da responsabilidade do Conselho Municipal, nós podemos fazer isso no nosso próprio quintal. Podemos separar vários tipos de resíduos sólidos: plásticos, restos de comida, capim, tudo que acharmos em nossos quintais. E assim reutilizar esses recursos para outros aproveitamentos”, afirmou o edil.

"Lixo é riqueza"

Mosambik - Mülltrennung in Lichinga
Camponeses aprendem a preparar o solo para aumentar a produtividade nas áreas de cultivo.Foto: David, Manuel

Para Jafar Amado, presidente do Comité de Monitoria e Responsabilização Social em Lichinga, o desafio agora é apelar aos munícipes para que adotem práticas adequadas no tratamento de resíduos sólidos. "Temos que difundir essa informação. Depois da entrega desse Centro de Compostagem, começaremos já a trabalhar passando o conhecimento para todos os bairros. Talvez, isso já aconteça no próximo mês”, informou Amado.

Com o Centro de Compostagem, Agostinho Cigarro, diretor da organização não-governamental Concern Universal Moçambique, que também apoia a iniciativa, espera que os munícipes vejam o lixo como uma mais-valia. "Lançámos a campanha Lixo é Riqueza, em outubro do ano passado (2016). O objetivo é fazer com que o cidadão aprenda a valorizar o lixo. Nós verificamos que, de fato, lixo não é lixo, mas um capital. Trata-se de um recurso com potencial para ser transformado em algo que pode garantir uma grande produtividade”, declarou. Agostinho Cigarro concluiu dizendo que o desafio da Organização é acompanhar os produtores na iniciativa em todos os bairros, bem como apoiar os produtores da região.