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RENAMO aumenta pressão sobre Governo da FRELIMO

Nádia Issufo 5 de janeiro de 2015

A RENAMO realiza "marchas políticas" em todo o país contra os resultados das eleições gerais de 15 de outubro. Iniciativa visa resgatar a justiça eleitoral que "o Conselho Constitucional nos negou", justifica o partido.

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Foto: E. Valoi

O maior partido da oposição elevou o tom das ameaças e desde o último fim de semana (3.01) está a efetuar marchas políticas ao longo do país em protesto contra os resultados eleitorais de outubro último.

Um retorno aos confrontos militares parece estar perto da realidade, mas a RENAMO insiste que o diálogo continua a ser a sua principal aposta, como disse em entrevista à DW África, António Muchanga, porta-voz da RENAMO. "Não queremos estar a falar de ataque e não ataque, mas a verdade é que se os homens forem atacados eles vão responder. Isso faz parte da natureza dos homens. O que estamos a dar primazia é ao diálogo".

RENAMO ameaça reagir caso seja atacado militarmente
Entretanto num comunicado recente o partido ameaça reagir caso seja militarmente atacado. É que a RENAMO denuncia nesse comunicado movimentações militares muito incomuns na região centro do país, seu principal bastião, falando mesmo na presença de mercenários angolanos e zimbabueanos.

Também é nesta região onde se encontra o líder do partido, Afonso Dhlakama. Isto é visto como um cerco ao líder como deixa entender Muchanga.

Unruhen in Mosambik
Tropas moçambicanas durante os confrontos armados com elementos da RENAMO em outubro de 2013Foto: Getty Images/Afp/Ferhat Momade

"Neste momento as duas estradas que dão acesso a partir da estrada nacional número um ao local onde está o presidente Dhlakama estão cercadas pelas Forças de Intervenção Rápida (FIR). Pretendemos perceber a razão para todo este aparato e até agora o governo não nos respondeu. O Governo disse que pensava ser os polícias que acompanharam o presidente Dhlakama para lá. Só que esses polícias que acompanharam o presidencite são polícias de transito e polícias de proteção civil e não da FIR. Por outro lado, se fossem pessoas chamadas pelo presidente Dhlakama não iriam ficar pelo caminho".

Este recrudescimento da tensão é entendido como um sinal de que o retorno aos confrontos, que marcaram o país no último ano e meio, está para breve.

Novos confrontos militares?

Silvério Ronguana é analista político moçambicano e não tem dúvidas quanto a isso. "Se não houver mudanças substanciais na atitude dos dois beligerantes, olhando para os dados que estão no terreno leva-nos a pensar que corremos esse risco. É evidente que não é este o desfecho esperado mas por esses dados no terreno e a manifesta disponibilidade de parte a parte não me parece que ocorra um outro desfecho".

Recorde-se que a RENAMO reivindica a vitória nas eleições gerais de outubro passado e considera que o processo foi fraudulento, favorecendo a FRELIMO, o partido no poder. Uma vez que o Conselho Constitucional validou os resultados das eleições, o maior partido da oposição faz um finca-pé na ideia de um Governo de gestão ou então de uma divisão do país, em que governaria as províncias onde obteve maioria. Por seu lado, o Governo também faz o seu finca-pé, considerando anti-democráticas as exigências da RENAMO.

RENAMO insiste que venceu as eleições
Mas este partido joga com todas armas ao seu dispor para alcançar os seus objetivos. António Muchanga afirma que as marchas políticas e comícios é uma forma de "fazer uma pressão de massas porque o vencedor das eleições não foi a pessoa declarada. Quem venceu as eleições é o Presidente Dhlakama e quem ganhou as eleições é o partido RENAMO. O próprio presidente da FRELIMO, no seu discurso de vitória diz que "arrancou" e só se arranca aquilo que não é seu. Em eleições democráticas não se deve arrancar nada mas sim conquistar", destacou Muchanga.

Mas até agora nenhum passo formal foi dado para que o Governo de gestão ou divisão do país fosse oficialmente debatido entre as partes antagónicas. Mas António Muchanga diz que o seu partido já passou a mensagem à FRELIMO. " Não há impedimento nenhum e como políticos estamos a fazer as coisas de acordo com as nossas agendas políticas. Existem pessoas relevantes no seio da FRELIMO que foram abordadas sobre o Governo de gestão. Lamentávelmente ainda não responderam".

E na sua onda de ameaças a RENAMO promete´não tomar posse nos orgãos para os quais foi eleito tais como o Parlamento.

Mosambik Militär
Base da RENAMO na província de SofalaFoto: picture-alliance/dpa

"Também acordamos que caso o Conselho Constitucional valide os resultados dessas eleições de acordo com a forma como o CNE apresentou os homens eleitos pela RENAMO não irão tomar posse. É exatamente isto que vamos fazer" Enquanto isso a tensão preocupa os moçambicanos. Ela já afetou os investimentos no país e o metical, moeda local, tem estado a sofrer uma depreciação.

Resolver a querela que já dura há cerca de dois anos depende apenas da boa vontade da RENAMO e da FRELIMO, conclui Silvério Ronguane.

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