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Chikoti diz que "condições estão criadas" para votação

Milton Maluleque (Joanesburgo)
19 de agosto de 2017

Ministro angolano das Relações Exteriores representa o país na cimeira da SADC, que arranca este sábado (19.08), na capital sul-africana. Processo eleitoral é tema em Pretória e alvo de críticas em Angola.

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George Chikoti
Georges Chikoti, ministro angolano das Relações ExterioresFoto: AP

O ministro das Relacções Exteriores de Angola, Georges Rebelo Chikoti, representa o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, na 37ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, que tem início este sábado na capital da África do Sul. As eleições angolanas são um dos temas em debate na cimeira.

Em entrevista em Pretória, Chikoti garantiu que tudo está em ordem para a realização de eleições gerais "justas e transparentes", na próxima quarta-feira (23.08), em Angola.

"Eu estou a acompanhar o processo de campanha eleitoral a partir de Pretória. Naturalmente que eu também coordeno uma comissão de observadores [internacionais], que segue o processo eleitoral. Então, acho que as condições estão a ser criadas totalmente. Penso que as condições técnicas para que alguém possa realizar o seu voto estão geralmente criadas," declarou Georges Chikoti.

Pelo menos 150 mil delegados de listas, observadores da SADC, da sociedade civil e jornalistas foram já credenciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), informou o presidente da instituição, André da Silva Neto, no domingo passado (13.08).

André da Silva Neto adiantou, ainda, que estavam criadas as condições logísticas para o êxito do processo - estando ainda em curso a distribuição do material de escrutínio às assembleias de voto nos municípios, comunas, aldeias e nas localidades.

Afrika Demonstration in Luanda, Angola
Manifestação realizada pela UNITA para constestar a organização das eleiçõesFoto: DW/P. Borralho

Questionamentos

No entanto, há várias reações de questionamento da forma como o processo eleitoral vem sendo conduzido em Angola.

Alguns eleitores não poderão votar perto de casa. Na província da Huíla, por exemplo, entre os que  fizeram o registo eleitoral, muitos foram colocados para votar em assembleias de voto a milhares de quilómetros de distância de suas residências. A CNE confirmou as reclamações.

Também o maior partido da oposição em Angola, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), levou a cabo várias demostrações populares a favor de eleições "justas e transparentes".

O partido do Galo Negro contesta a contratação, por adjudicação direta, da companhia portuguesa SINFIC, ligada a capitais angolanos, e da espanhola INDRA, para a elaboração dos cadernos eleitorais, o credenciamento dos agentes eleitorais e o fornecimento de material de votação e da solução tecnológica, respetivamente. Estas duas companhias fornecem os seus serviços à Comissão Nacional Eleitoral (CNE), desde as eleições de 2012.

"Os partidos que chegaram ao poder via uso da força, ou seja, da luta armada em África, deixam cada vez mais claro que não sairam via voto. No caso do meu país, posso garantir que a Comissão Nacional Eleitoral é uma ramificação do partido no poder. A Justiça também. Daí que não será para já a mudança", defendeu André, imigrante angolano recentemente contemplado com o visto de residência na África do Sul.

O ministro das Relacções Exteriores de Angola, Georges Rebelo Chikoti, respondeu, no entanto, que a UNITA não tem razões de queixa.

"Esses argumentos que a UNITA coloca devem ser, a meu ver, colocados ao nível da Comissão Nacional Eleitoral, mas também o Presidente da Comissão Nacional Eleitoral já respondeu às preocupações que a UNITA até aqui colocou. Portanto, acho que não há nenhum aspecto que possa ferir uma participação da UNITA neste processo eleitoral, ou que ela não esteja representada a nível da CNE," disse Chikoti.

Angola Jose Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos, Presidente de AngolaFoto: Getty Images/AFP/A. Pizzoli

Críticas a JES

João de Lourenço irá suceder José Eduardo dos Santos como cabeça-de-lista do MPLA nestas eleições, marcado o fim de quase quatro decadas de governação de dos Santos.

O Presidente dos Santos dirrigiu Angola "com braço de ferro" ao longo dos 38 anos, tendo sido acusado de corrupção, nepotismo e violações dos direitos humanos - com destaque para a liberdade de expressão.

"O pai de José Eduardo dos Santos não era rico. Agora, como se justifica o facto deste ter sido considerado um dos grandes investidores no Brasil e a sua filha controlar grandes investimentos em Portugal?" questiona o angolano André.

Para o ministro das Relacções Exteriores de Angola, José Eduardo dos Santos abandona o poder deixando um grande legado, com destaque para a luta contra a segregação racial, o apartheid na África do Sul.

"As críticas que as pessoas fazem, isso é porque, às vezes, as pessoas esquecem de tirar o valor que o homem representa. E nós também estamos preparados para isso. Mas nós não vamos insistir ao olhar apenas para o que as pessoas querem atacar, que é o valor de José Eduardo dos Santos," defendeu Georges Chikoti.

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