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Desporto

Equipas alemãs "pouco europeias"

Rui Almeida
8 de dezembro de 2017

Eliminações na Liga Europa e apenas o Bayern Munique a seguir em frente na Liga dos Campeões é o fraco resumo da presença das equipas alemãs na fase de grupos das competições europeias de clubes

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Bayern Munique, único sobrevivente alemão na UEFA Champions League
Foto: picture alliance/Pressefoto ULMER/Markus Ulmer

Um descalabro absoluto. Eis como se pode caracterizar a participação das três equipas alemãs na fase de grupos da Liga Europa, eliminadas da competição sem glória, e com a honra algo abalada.

Hoffenheim, Colónia e Hertha Berlim não conseguiram nenhum dos dois primeiros lugares dos respetivos grupos, o que lhes permitiria seguir para os 1/16 avos-de-final da competição da UEFA. E se o Colónia ainda poderia, na última jornada (em caso de vitória na Sérvia, perante o Estrela Vermelha), subir ao segundo posto e ser apurado, os conjuntos de Sinsheim e Berlim chegaram à derradeira ronda sem quaisquer hipóteses de lutar pelo apuramento para a fase de eliminatórias.

Só o Colónia chegou ao último jogo com possibilidades de apuramento na Liga Europa

Num grupo com os portugueses do Sporting de Braga, os búlgaros do Ludogorets (os dois primeiros) e os turcos do Basaksehir, a equipa de Julian Nagelsmann (o mais jovem técnico da Bundesliga, com apenas 30 anos) desiludiu. Na sexta jornada, nem a vitória sobre a formação da Bulgária lhe valeria, mas, mesmo assim, ficou-se pelo empate a um golo. Agora, vira-se para a liga, onde, das três equipas germânicas na Liga Europa, é a mais bem posicionada.

Quanto ao Hertha, acabou a prova também com a “lanterna vermelha” do grupo J, atrás dos apurados Athletic de Bilbao (Espanha) e Östersunds (Suécia), e ainda perdendo na compita com os ucranianos do Zorya Luhansk. O conjunto da capital alemã empatou a um golo, no estádio Olímpico, esta quinta-feira, com o Östersunds, mas mesmo uma vitória não teria mudado o destino dos “azuis-e-brancos” de Berlim: a preocupação exclusiva, a partir de agora, com a Bundesliga (uma vez que também já foram afastados da Taça da Alemanha).
Na Sérvia, numa “final” com o mítico Estrela Vermelha, o Colónia não foi capaz de assegurar os três pontos e, com eles, o apuramento. Um golo solitário de Srnic (logo aos 22 minutos) atirou os comandados de Stefan Ruthenbeck (em estreia, após a saída de Peter Stöger) para o terceiro posto do grupo H, seguindo em frente os ingleses do Arsenal e os sérvios do Estrela Vermelha, e ficando igualmente pelo caminho os bielorrussos do BATE Borisov.

UEFA Europa League, Estrela Vermelha Belgrado vs. Colónia
Foto: Getty Images/S. Stevanovic

Uma péssima campanha para os representantes da Bundesliga, que, de resto, só não foi replicada na Liga dos Campeões porque o terceiro posto garante a “repescagem” para a Liga Europa.

Na Liga dos Campeões, o Bayern salva "a honra do convento"

Entre Bayern Munique, Leipzig e Borussia Dortmund as expetativas eram legítimas e elevadas. Os três primeiros da Bundesliga 2016/2017 tinham aspirações e, no caso de bávaros e “amarelos”, história rica na principal competição da UEFA para clubes. Mas da teoria à prática vai um longo caminho, mal percorrido por duas das três equipas alemãs, que certamente aguardariam outro desfecho no final da fase de grupos.
Honra seja feita ao Bayern Munique: o campeão alemão cumpriu o que dele se esperava e conseguiu o apuramento, através do segundo posto do grupo B. Mesmo assim, os franceses do Paris Saint-Germain venceram um grupo claramente desequilibrado, com uma diferença final de 12 pontos entre os apurados (PSG e Bayern) e os restantes (Celtic – que seguirá para a Liga Europa – e Anderlecht).

UEFA Champions League, FC Bayern Munique - Paris St. Germain
Foto: picture-alliance/Robin Rudel

Já do Borussia Dortmund muito se poderia aguardar à partida, mas a verdade é que a forma recentemente revelada pelos homens orientados por Peter Bosz não augurava grandes cometimentos fora de portas. Foi muito pobre a carreira do Borussia: nenhuma vitória e apenas dois empates, ambos frente aos cipriotas do APOEL, que terminaram o grupo H igualmente com dois pontos, embora atrás do conjunto de Dortmund. Foi o que valeu ao vice-campeão: o terceiro posto permite reequacionar os desafios europeus, agora através da Liga Europa.
Quanto ao Leipzig, terá tido o mais previsível dos comportamentos. Um grupo difícil, incluindo os turcos do Besiktas, os portugueses do FC Porto (os dois apurados para a continuidade na prova) e os franceses do Mónaco. Tudo o que pudesse conquistar seria lucro. E o certo é o que o técnico austríaco Ralf Hasenhüttl e os seus jogadores conseguiram o terceiro lugar, remetendo os monegascos para o último posto, e sendo, deste modo, recolocados na Liga Europa. Com menor experiência nas andanças internacionais, a equipa sensação da última temporada cumpriu, e pode, agora, pensar em voos interessantes na segunda prova da UEFA, a partir de fevereiro do próximo ano.

UEFA Champions League, RB Leipzig vs. Besiktas Istambul
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt

Dinâmica interna não significa aposta europeia

É certo que o sucesso, a competitividade e a dinâmica de uma liga não se mede (não se pode medir) pela participação nas provas europeias. Mas não é menos verdade que estas são uma importante “montra” da qualidade intrínseca dos conjuntos a nível do velho continente. Deste modo, e considerando a participação global das seis equipas alemãs nas fases de grupos das competições europeias, o balanço é negativo – por força da totalidade de eliminações na Liga Europa – não deixando de ser curioso que essa mesma prova é agora “reforçada” por Borussia Dortmund e Leipzig, com estatuto de equipas de referência e, até, com algum favoritismo em , relação às fases mais adiantadas.

Quanto ao Bayern Munique, a regularidade do conjunto de Jupp Heynckes ficou mais uma vez demonstrada, e será, em qualquer leitura, uma das “equipas a abater” a partir dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, considerando o seu imenso prestígio e história na competição, e os objetivos traçados para esta temporada.

Dentro de dois meses, regressam as emoções europeias, com menor margem de erro e, por consequência, com emoção redobrada!