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Comité Central da FRELIMO não debaterá escolha de candidatos

5 de abril de 2024

Arranca esta sexta-feira a reunião do Comité Central da FRELIMO, mas a agenda não tem qualquer ponto sobre a eleição de pré-candidatos às eleições gerais. Analistas dizem que demora mina processo democrático no partido.

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Bandeiras da FRELIMO em Cabo Delgado
Analista conidera que quem fica a ganhar com a demora na escolha de candidatos é o atual Presidente Filipe Nyusi, que continua com imunidadeFoto: DW/D. Anacleto

Continua envolta em segredo a escolha dos candidatos para concorrer à Presidência de Moçambique nas próximas eleições gerais no seio do partido no poder.

Samora Machel Júnior, filho do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, avançou com a candidatura que, no entanto, a porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Ludmila Magune, disse desconhecer.

O analista Dércio Alfazema chama a atenção para a compreensão da posição de Samora Machel Júnior: "Ele é candidato a pré-candidato porque os pré-candidatos também deverão obedecer a um conjunto de requisitos que ainda não foram divulgados. Eventualmente serão sufragados por um órgão eleitoral interno".

Para o analista, a demora na escolha de candidatos na FRELIMO tem uma explicação. "Há uma tentativa sim, e isso é normal que aconteça nos partidos, de influenciar para que o candidato seja favorável a um determinado grupo que lá existe. Cada um quer ter a sua influência e poder controlar o partido a partir desse candidato", argumenta Alfazema.

O ativista Sérgio Matsinhe considera que esta demora na escolha está a minar o processo democrático dentro do partido.

"Em que momento este candidato vai fazer a sua campanha para divulgar a sua imagem? Será tarde e não difere do que está a acontecer na Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Parece que eles estão a trabalhar em coordenação para com um e para com o outro", afirma.

O que está a "tramar" a FRELIMO?

Demora beneficia Nyusi?

"Esta demora pode beneficiar ao Presidente Nyusi, considerando que ele tem vários processos a responder fora do país", continua Sérgio Matsinhe.

Dos três principais partidos, a FRELIMO está mais avançada na organização para concorrer às eleições gerais, uma vez que "apresenta pelo menos alguma clareza sobre os passos a seguir e tem um calendário sobre quando é que este dossier de sucessão vai estar terminado", considera Dércio Alfazema.

"E nos outros partidos ainda há pouca clareza. Ainda estão a discutir, a criar grupos. Particularmente a RENAMO, ainda a avançar no processo politicamente desgastante, que até pode fragilizar a sua participação eleitoral", conclui o ativista.

A sessão do Comité Central da FRELIMO decorre até este sábado (06.04), na cidade da Matola, província de Maputo, para discutir eleições internas. A agenda divulgada no final da noite passada pela Comissão Política não contempla um debate sobre a sucessão de Filipe Nyusi.

Na quinta-feira (04.04), Óscar Monteiro, histórico militante da FRELIMO, exigiu que o tema fosse incluído na agenda da reunião. "Há um elefante nesta sala (...) a sucessão do poder, estamos demasiados atrasados e arriscamos a vitória, se continuarmos neste caminho", afirmou Óscar Monteiro, citado pela agência Lusa.