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Estudantes africanos na China preocupados com o coronavírus

Clarissa Herrmann | rl | AFP
6 de fevereiro de 2020

Há perto de 5.000 estudantes africanos na cidade chinesa de Wuhan, onde foram detetados os primeiros casos de coronavírus. Os jovens estão preocupados com a rápida propagação do vírus, que já fez mais de 560 mortos.

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Controlo de passageiros no aeroporto de Addis Abeba, capital da Etiópia Foto: Getty Images/L. Dray

Uma semana depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o coronavírus como caso de emergência de saúde pública internacional, estudantes africanos a viver em Wuhan, cidade chinesa onde surgiu o vírus, dão conta do agravamento da situação. 

Wuhan acolhe atualmente cerca de cinco mil estudantes africanos. Provenientes de vários países, como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Nigéria e Etiópia, estes estudantes dizem-se cada vez mais preocupados com a situação na cidade. Falam da dificuldade em obter dinheiro, na falta de comida e na vontade de regressar a casa.

Um regresso que se adivinha demorado. "Estamos fechados em casa desde o dia 23 de janeiro. Não saímos a não ser para ir ao supermercado e só em caso de necessidade extrema. Quando saímos colocamos máscaras para cobrir o nariz e a boca", cotna Abdul Salam Aji Suleiman, jobem nigeriano que estuda na Universidade Huazhong, em Wuhan.

Abdul Suleiman diz falar pela maioria dos estudantes nigerianos em Wuhan quando diz que quer que a Embaixada da Nigéria providencie o seu regresso a casa, como aconteceu com os estudantes de Marrocos. No entanto, este é um cenário improvável, justificado por muitos países africanos pela falta de meios e infraestruturas.

Cidade de quarantena

A cidade de Wuhan está de quarentena. Os transportes são escassos e há muitos supermercados fechados, o que tem feito disparar os preços dos produtos alimentares. Também os bancos se encontram encerrados, o que dificulta ainda mais a vida dos estudantes, como já tinha relatado à DW, na semana passada, a guineense Jéssica Mendes Silva, também residente em Wuhan.

Estudantes africanos na China preocupados com o coronavírus

"Queremos que nos ajudem a sair desta cidade, mesmo que seja para outra cidade aqui da China. Só queremos sair daqui. Nem dá para receber comida, não há comida, para comprar comida aqui é díficil. Realmente estamos aflitos", contou a estudante.

Uma realidade também frisada por Séidou Kéita, natural da Guiné: "Não temos praticamente dinheiro. Têm sido os nossos compatriotas que nos têm ajudado. A pouca comida que temos está a acabar. As nossas condições de vida estão um pouco difíceis".

Para já, não há ainda nenhum caso de coronavírus confirmado no continente africano. Todos os casos suspeitos foram já despistados. No entanto, e em jeito de prevenção, as companhias aéreas africanas estão gradualmente a suspender os voos de e para a China. Apenas a Ethiopian Airlines mantém atualmente os seus voos para este país.

O número de mortos provocados pelo coronavírus subiu, esta quarta-feira (06.02), para 563 mortos. O número de infetados ultrapassa já os 28 mil - entre eles deverá estar, segundo avança a BBC, um camaronês, que se encontra em Wuhan.

Apesar dos números elevados, Sylvie Briand, diretora do departamento de preparação global para os riscos infeciosos da OMS, afirmou, na terça-feira (04.02), que o surto não é ainda uma pandemia. "Atualmente, não estamos em situação de pandemia. Estamos numa fase epidémica com múltiplos focos e vamos tentar extinguir cada um destes focos. Não estou a dizer que é fácil, mas achamos que é possível", disse.

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