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Estudantes sofrem crise económica com aumento das propinas

Pedro Ndomba Borralho (Luanda)3 de fevereiro de 2016

A crise financeira que se vive em Angola pode pôr em risco os estudos de muitos jovens, tudo porque as instituições de ensino pretendem alterar os preços das propinas que já são consideradas caras pelo estudantes.

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Universidade Agostinho Neto em Luanda, Angola
Universidade Agostinho Neto em Luanda, AngolaFoto: DW/P. Borralho

O início das aulas nas universidades angolanas tem data marcada para o mês de março, mas as dificuldades vividas por várias famílias, devido à crise financeira que afeta o país, podem pôr em risco este ano letivo para muitos alunos.

Em algumas instituições, os emolumentos para a inscrição já começam a ser alterados, como é o caso da Universidade Agostinho Neto, que é pública, onde foram cobrados 4.000 kwanzas [cerca de 25 euros] para a inscrição neste ano letivo, ao contrário dos 2.000 Kz [cerca de 10 euros] cobrados no ano passado.

Em declarações à DW África, os estudantes Manuel Dias e Sofia João acreditam que muitos jovens irão anular as matrículas, devido às dificuldades que se aproximam. “Tendo em conta as dificuldades, este ano letivo vai ser difícil. Já consultei algumas universidades privadas, como é o caso da Universidade Metodista, onde o preço das propinas está nos 38 mil kwanzas [cerca de 220 euros], enquanto no ano passado estava nos 27 mil [cerca de 160 euros]. Creio que muitos vão cancelar o ano porque nas privadas vai ser de sofrimento", afirmou Manuel Dias, que esteve no Campus Universitário Agostinho Neto a concorrer por uma vaga. "Há casas que têm cinco estudantes e só uma pessoa é que paga. Isso vai dificultar muito na sobrevivência das famílias", disse por seu lado Sofia João.

Marcha contra o aumento das propinas impedida pelo Governo de Luanda
Para Miguel Kimbenza, do Movimento de Estudantes de Angola (MEA), organização que defende os direitos dos alunos no país, o académico está ameaçado face à atual situação económica de Angola.

Universidade Católica de Angola, em Luanda
Universidade Católica de Angola, em LuandaFoto: DW/G. C. Silva

Perante as alterações nos emolumentos que estão a ser cobrados em algumas instituições do ensino superior, o MEA convocou no último fim de semana uma marcha pacífica para protestar contra as alterações dos preços, que acabou por não acontecer porque o Governo de Luanda orientou a polícia para a impedir.

Ao responder às denúncias da alegada subida do preço das propinas nas Universidades, o ministro angolano do Ensino Superior, Adão do Nascimento, disse que nenhuma universidade está autorizada a alterar o preço. "Não há nenhuma alteração que deva ser praticada aos preços, antes de se ter uma autorização. Por lei, o Governo é que define os preços", afirmou o ministro.

O governante anunciou ainda que, nos próximos dias, o órgão que dirige vai reunir com o ministério das Finanças, com as Reitorias das Universidades e com as Associações de Estudantes para encontrarem uma solução sobre o assunto.

Movimento de Estudantes Angolanos defende propinas mais baixas

Miguel Kimbenza espera que o MEA seja também notificado para comparecer neste encontro. "Nós, no ano de 2013, tivemos um encontro com um grupo técnico da vice-presidência da República, onde apresentamos um memorando com algumas propostas. Apontavamos que os cursos ligados às Ciências Sociais deviam ter uma taxa de 15 mil kwanzas [cerca de 85 euros] e que os cursos ligados às engenharias deviam ter uma taxa de 20 mil kwanzas [cerca de 115 euros]", afirmou Kimbenza.

Atualmente, as Universidades cobram entre 25 a 30 mil kwanzas [entre 145 e 175 euros, aproximadamente] pelas propinas.

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