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Ex-funcionários da ROMON fazem barulho até serem ouvidos

Sitoi Lutxeque (Nampula)
4 de janeiro de 2017

Há mais de 20 anos que ex-trabalhadores da antiga Rodoviária de Moçambique - Norte reivindicam indemnizações. Como ninguém os ouve, foram bater em latas e tambores à frente do Governo provincial de Nampula.

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Foto: DW/S. Lutxeque

A antiga Rodoviária de Moçambique - Norte (ROMON) abriu falência em 1994. E, desde essa altura, centenas de ex-funcionários têm reclamado o pagamento de indemnizações.

Os antigos trabalhadores da empresa pública dizem que já há acordos para o pagamento de ordenados, mas acusam o Governo de não estar a honrar os seus compromissos.

Por isso, nos últimos meses, aumentaram o volume dos protestos e foram para a frente do gabinete do governador provincial de Nampula e do diretor provincial dos Transportes e Comunicações munidos de latas e tambores.

"Entrámos muitas vezes em concordância [com o Governo] e diziam-nos sempre que temos razão. No ano passado, reunimos no sindicato e [o Governo e o sindicato] fizeram uma nova folha de salário e disseram que nos iam pagar. Passado algum tempo, confrontámos o diretor [dos Transportes e Comunicações], mas até agora ele não deu luz verde", afirma Profílio Namuínhe, de 45 anos, antigo motorista na ROMON.

04.01.2016 Nampula Romon (novo) - MP3-Mono

Namuínhe assegura que os manifestantes não vão desistir da luta pelas indemnizações: "Nós estaremos aqui a tocar latas. Caso não se resolva, vamos entrar lá no gabinete", ameaça.

Os antigos trabalhadores queixam-se de intimidação por parte das forças de segurança do Governo provincial. "Convidam a polícia, a FIR [Força de Intervenção Rápida], para nos vir ameaçar. Uma vez [alguns manifestantes] foram parar à cadeia. E cada vez mais nos estão a ameaçar", acrescenta Namuínhe.

Governo diz que questão foi ultrapassada

O diretor provincial dos Transportes e Comunicações de Nampula desvaloriza o protesto e as acusações dos ex-trabalhadores da ROMON. Francisco Bonzo acrescenta que os manifestantes estão a agir de má-fé.

"Temos trabalhado com eles. Até que houve um desfecho por parte do Ministério dos Transportes e Comunicações. Nós fizemos-lhes chegar esse desfecho, mas eles não concordam", diz Bonzo. "A decisão definitiva foi dada em conformidade com o parecer do Ministério Público, que diz que a reivindicação dos ex-trabalhadores é extemporânea. Mas, querendo, os trabalhadores podem recorrer junto da Procuradoria, se acharem que há novos elementos."

O Ministério dos Transportes e Comunicações garante ter pago indemnizações aos ex-trabalhadores da ROMON e dos Transportes Públicos Urbanos (TPU) de Nampula. Mas os ex-funcionários da Rodoviária de Moçambique - Norte dizem que não têm conhecimento desse pagamento, sublinhando que só os trabalhadores dos TPU beneficiaram da medida.