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Filipe Nyusi procura mais do que experiência eleitoral com o MPLA, diz analista

Nádia Issufo18 de julho de 2014

O candidato moçambicano da FRELIMO às presidenciais foi a Angola colher a experiência eleitoral e governativa do MPLA. Mas para o historiador moçambicano Egídio Vaz o principal motivo da viagem do candidato não é esse.

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Filipe Nyusi (esq.) e Armando Guebuza, Presidente de MoçambiqueFoto: Leonel Matias

Falando à imprensa angolana, quando desembarcou em Luanda na última quarta-feira (16.06), Filipe Nyusi explicou que foi lá por considerar que o MPLA, partido no poder em Angola, é uma agremiação com bastante experiência política e em matéria de eleições.

O candidato da FRELIMO, o partido no poder em Moçambique, diz que também foi apresentar o ponto de situação sobre as linhas de orientação do seu projeto eleitoral.

O historiador moçambicano Egídio Vaz desvaloriza este discurso fundamentando que não passa de praxe do Governo da FRELIMO.

Mas Vaz recorda as afinadades entre os dois partidos (MPLA e FRELIMO): "São todos eles partidos que partilham a mesma trajetoria histórica, são partidos libertadores, ou são partidos cujos dirigentes participaram no processo de libertação, e portanto têm um passado comum."

Mas Egídio Vaz acrescenta que "também são partidos que têm a mesma orientação político-ideológica e partilham a mesma língua."

Os reais motivos?

Angola Wahlen 2012 Regierungspartei MPLA Wahlkampagne
Campanha eleitoral do MPLA em 2012. Na imagem a bandeira do partido (dir.)Foto: António Cascais/DW

O historiador moçambicano lembra também que desde o início do primeiro mandato de Armando Guebuza como Presidente de Moçambique, em 2005, as relações com o MPLA ganharam outro impulso.

Para ele o candidato da FRELIMO às eleições presidenciais de 15 de outubro próximo está a marcar terreno junto de um partido "irmão" que está no poder, sob o ponto de vista de relações exteriores.

Mas no entender de Egídio Vaz o real motivo está assente na gestão dos recursos minerais e energéticos.

O historiador lembra que "Moçambique vai ser uma país basicamente extrativo" e explica: "Ou seja, com a descoberta de recursos minerais e energéticos vai exigir que de uma ou de outra maneira esses países também se abalizem sobre como fazer negócio com os investidores."

E para Egídio Vaz "Angola desse ponto de vista é eximio justamente por causa da experiência de exploração de recursos minerais e energéticos que tem e obviamente os processos eleitorais."

Para ele as eleições não são o principal motivo da visita: "Eu não chamaria os processos eleitorais como estratégia política e ideológica, e muito menos de planificação, mas sim sobre a gestão do poder enquanto tal."

Angola, um mau exemplo?

Se Angola tem experiência positiva na indústria extrativa, que pode servir de exemplo a Moçambique, o mesmo não se pode dizer em termos de democracia, liberdade de expressão e boa governação.

Egidio Vaz Historiker aus Mosambik
Egídio Vaz, historiador moçambicano e especialista em mediaFoto: Marta Barroso

O país é avaliado negativamente por ONGs locais e estrangeiras. Por exemplo, as manifestações contra o Governo são sempre reprimidas com violência e os activistas são detidos e até mortos.

O analista político do Instituto de Estudos Moçambicanos e Internacionais Henriques Viola vê com alguma preocupação a busca da experiência: "Penso que esta ação de Filipe Nyusi é apenas a continuação daquilo que viemos alertando ao nível da sociedade civil moçambicana, que é uma tentativa de angolanizar Moçambique, portanto, seguir o modelo angolano no que respeita as questões de controlo do poder económico, político e por ai fora."

Por enquanto um assunto entre a FRELIMO e o MPLA

Henriques Viola
Henriques Viola, politólogo do Centro de Estudos Moçambicanos e InternacionaisFoto: Henriques Viola

Henriques viola estabelece uma comparação a título de exemplo: "Repare que tal como em Angoola a filha do Presidente é a mulher mais rica do país, e também de África, aqui também em Moçambique a filha do Presidente é das mulheres mais ricas do país."

O politólogo está certo de que "ir buscar esta experiência, quanto a nós, é compeltamente negativa que não gostariamos de ver repetida em Moçambique."

Ao mesmo tempo Henriques Viola desdramatiza a crescente união entre os partidos, principalmente no que se refere a visita de Filipe Nyusi por considerar que diz principalmente respeito à FRELIMO e ao MPLA em tanto que partidos.

O politólogo diz que "esse é um assunto que, em princípio, deveria preocupar apenas os membros do partido FRELIMO porque Filipe Nyusi não representa, do ponto d evista legal, nada para os moçambicanos, como um Estado, ele é candidato de um certo partido, pode vencer ou não as eleições."

Nyusi MPLA-Angola

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