1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

General burundês anuncia destituição de Nkurunziza

Sandrine Blanchard / AFP / REUTERS / APR13 de maio de 2015

Analistas comentam que a cimeira de Dar es Salaam em que o Presidente do Burundi participava pode ter sido um pretexto para afastar o chefe de Estado.

https://p.dw.com/p/1FPSM
Militares e população festejam, em Bujumbura, a destituição de NkurunzizaFoto: Reuters/G. Tomasevic

O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, deixou Dar es Salaam (Tanzânia), onde participava numa cimeira sobre a crise pré-eleitoral no seu país, após um general ter anunciado esta quarta-feira (13.05) a sua destituição.

"O Presidente Pierre Nkurunziza foi destituído das suas funções, o Governo foi dissolvido". Esta foi a declaração do ex-chefe dos serviços burundeses de segurança, o general Godefroid Nyombare, ao anunciar esta quarta-feira (13.05) a destituição do Presidente Pierre Nkurunziza.

O general Nyombare foi afastado do exército no passado mês de fevereiro pelo chefe de Estado, depois de ter aconselhado Nkurunziza a não se candidatar a um terceiro mandato, considerado inconstitucional pelos seus adversários políticos.

Entretanto a situação permanece tensa e confusa no Burundi, onde, segundo várias fontes noticiosas, concordantes afirmam que se torna difícil saber quem na verdade detém as rédeas do poder

"Foi uma autêntica explosão de alegria"

O analista político burundês, Paul Mahwera, disse à DW África que quando a população teve conhecimento da notícia, foi uma autêntica explosão de alegria, e acrescentou: "esperamos que a partir de agora a política que foi feita até hoje seja completamente diferente. Ela foi muito má e principalmente dominada pela criminalidade a todos os níveis: crimes de sangue, crimes económicos e crimes financeiros. Esperamos virar a página e iniciar uma era plena de esperança para a população burundesa, com base na boa governação e principalmente na grande responsabilidade daqueles que terão a tarefa de dirigir este país enquanto se aguarda a realização das eleições."

Militärputsch in Burundi
Os protestos do Burundi já duravam há semanas e causaram a morte a pelo menos 20 pessoas.Foto: Reuters/G. Tomasevic

Para Jean-Jacques Wondo, especialista em geopolítica e questões militares na região dos Grandes Lagos, "o derrube de Nkurunziza poderá confirmar que estamos a assistir a uma segunda fase de alternância democrática em África, na qual o exército começa na verdade a ter uma função republicana, algo que todos esperam dele. Mesmo que seja um golpe de Estado, a ação dos militares enquadra-se na ideia de travar os dirigentes que querem violar a Constituição do seu próprio país"

Cimeira de Dar es Salaam terá sido um pretexto para afastar o Presidente?

Questionado sobre a ausência do país de Pierre Nkurunziza num momento em que o Burundi enfrentava uma onda de manifestações contra um terceiro mandato presidencial, Jean-Jacques Wondo disse que " não é de excluir a hipótese de que a cimeira de Dar es Salaam tenha sido realizada como um pretexto para afastar Nkurunziza de Bunjumbura e assim deixar o caminho livre. Sabe-se geralmente que essas cimeiras dos chefes de Estado africanos não chegam a conclusões palpáveis, e na maioria das vezes, esses encontros produzem somente declarações de intenção. O facto de Nkurunziza ter ido à Tanzânia e tendo em vista o papel geopolítico de Dar es Salaam que desde 2013 se transformou numa espécie de centro de gravidade regional, a hipótese do afastamento de Nkurunziza do poder com o consentimento de alguns dirigentes da região é um cenário que não se exclui".O especialista em geopolítica e em questões militares na região dos Grandes Lagos disse ainda que nas últimas semanas a pressão internacional foi muito forte sobre Bujumbura, por forma conter o perigo da escalada da situação. "Isso preocupou a comunidade internacional porque para alguém que esteja numa dinâmica de permanecer no poder não vê todos os efeitos colaterais que a sua intransigência provoca. Centenas de pessoas podem morrer mas para ele, Nkurunziza, é poder pelo poder e não lhe interessa uma dinâmica pacífica."

[No title]

Saltar a secção Mais sobre este tema