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Greve paralisa transportadora pública de Luanda

Manuel Luamba (Luanda) / Lusa28 de dezembro de 2015

Os trabalhadores da empresa de Transporte Colectivo Urbano de Luanda (TCUL) cumpriram esta segunda-feira o décimo dia de greve para exigir o pagamento de nove meses de salários em atraso. E dizem-se abertos ao diálogo.

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Foto: DW/M. Luamba

Autocarros parados, portões fechados, centenas de trabalhadores concentrados e cartazes com frases como "9 meses sem salário é muito", "estamos em greve" e "até quando esse sofrimento". Era este o cenário que se observava na capital angolana esta segunda-feira (28.12), dia em que os funcionários da TCUL cumpriram mais um dia de greve.

A paralisação parcial começou no último dia dia 18. Os trabalhadores decretaram depois greve geral a 22 de dezembro face ao silêncio do Conselho da Administração da única transportadora pública de Angola.

Além dos salários em atraso, os grevistas também exigem outras regalias, como "a garantia de pagamento de continuidade e pontualidade, conforme manda a lei, e também o seguro de saúde", afirma Domingos Epalanga, secretário-geral adjunto do núcleo sindical da TCUL.

Angola - Domingos Epalanga, Gewerkschaftsausschuss Transportunternehmen TCUL
Domingos Epalanga, secretário-geral adjunto do núcleo sindical da TCULFoto: DW/M. Luamba

Domingos Epalanga diz que a entidade patronal tem-se furtado das suas responsabilidades. "A direção da empresa diz hoje o que sempre disse durante os [últimos] nove meses: que a situação transcende as capacidades da própria gestão e remete o problema para a tutela. E até aqui não há resolução do problema".

A DW África tentou, sem sucesso, ouvir o presidente do Conselho da Administração da TCUL e o Ministério dos Transportes, órgão que tutela a transportadora.

De acordo com o movimento sindical, durante estes últimos meses sem salário, uma dezena de trabalhadores morreu por não ter dinheiro para assistência médica. Para se encontrar uma solução para o problema, o sindicato diz estar aberto ao diálogo. "Obedecemos apenas aos limites que a própria lei impõe. O limite máximo [de greve] é de 60 dias e o máximo de 90. Não queremos chegar até aí, queremos que de direito resolva o nosso problema", afirma Domingos Epalanga.

Perspectivas para 2016

2015 foi um ano difícil para os angolanos por causa da crise económica resultante da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

Com o agravamento das políticas fiscais, a União Nacional dos Trabalhadores de Angola - Confederação Sindical (UNTA-CS) prevê uma nova redução do poder de compra dos trabalhadores angolanos em 2016.

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"Se não há política de crescimento dos rendimentos, mas haverá uma política no sentido de se aumentar os preços dos bens e dos serviços, então o que nós vamos assistir de facto é uma redução cada vez maior do poder de compra dos cidadãos, particularmente dos trabalhadores", disse à agência de notícias Lusa o secretário-geral da UNTA, Manuel Viagem.

Apesar desta realidade, uma trabalhadora da TCUL, que prefere manter o anonimato, mostra-se otimista quanto a 2016. "Esperamos ter dinheiro para pagar as propinas dos nossos filhos em 2016 e esperamos que o nosso ministro, que é uma pessoa de bom senso, nos ajude nesta questão", disse à DW África.

Já Hermenegildo Francisco, que trabalha numa empresa privada, mostra-se cético em relação o ano de 2016: "Estamos a ouvir os comentários que o ano de 2016 pode vir a ser pior. Acho que vai piorar porque estamos a viver situação difícil".

Angola Devisen-Schwarzmarkt
Sindicato prevê corte no poder de compra dos trabalhadores angolanos em 2016Foto: DW/P. Borralho Ndomba