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Guiné-Bissau: novo pedido de demissão do primeiro-ministro

15 de janeiro de 2018

Desconfiança reina nas reações ao novo pedido de demissão do primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló. Em entrevista à DW África, Ali Hijazi, do PAIGC e o sociólogo, Dautarim da Costa, incertos quanto ao futuro.

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Primeiro-ministro Umaro Sissoco (esq.) e Presidente da República José Mário Vaz (dta)
Umaro Sissoco Embaló (esq.) e Presidente da República José Mário CazFoto: DW/B. Darame

Está por horas o fim do prazo dado pela Comunidade Económica de Estados de Estados da África Ocidental (CEDEAO), aos atores políticos guineenses para implementação do Acordo de Conacri. O cenário politico mantêm-se, sem grandes expetativas, em torno da implementação do referido acordo.

Perante este estado de coisas, o Secretário Nacional do PAIGC, Ali Hijazi, disse que o partido "continua cético", segundo ele, "não é a primeira vez que Umaro Sissoco Embaló apresenta o seu pedido de demissão".

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Guinea-Bissau Umaro Sissoco
Umaro Sissoco EmbalóFoto: DW/B. Darame

Para o sociólogo guineense, o Presidente da República pode recorrer à Constituição da República ou implementar o Acordo de Conacri, para pôr termo à crise vigente. Contudo, o analista e sociólogo, Dautarim da Costa, entende que, José Mário Vaz, não irá recorrer a essas duas opções, porque o Presidente da República é refém da sua própria agenda.

"Eu creio que o Presidente da República não quer essas soluções. Tem uma agenda muito própria que é de dominar o poder, capturar as instituições e de favorecer um grupo de interesses que permitam justamente fazer essa captura. Eu creio que neste momento, até o próprio Presidente da República, se encontra refém daquilo que são as suas vontades e daquilo que ele planeou. As coisas já não estão a correr como o Presidente desejava inicialmente, porque isto, está fugir-lhe das mãos"

Final previsível

Dautarim da Costa disse ainda que, há muito que o país aguarda esta iniciativa do primeiro-ministro, devido aos objetivos políticos que ditaram a sua nomeação. 

"Na verdade, nunca chegou a ser um primeiro-ministro, de facto. Foi escolhido para que tivesse uma atitude ou para que exercesse uma politica performativa. Porque na verdade, a origem da nomeação tinha muita intromissão do Presidente da República, naquilo que é o poder executivo. Ou seja, o Presidente da República pretendia e ainda pretende, construir governos, onde ele possa exercer os seus desejos, as suas vontades e influência extrema em tudo aquilo que são as decisões de governação". 

Silêncio ruídosoO Presidente guineense ainda não se pronunciou sobre o pedido da demissão apresentado por Umaro Sissoco Embaló, numa altura em que se aguarda esta semana, a chegada a Bissau de uma delegação da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental. A CEDEAO deu aos líderes guineenses até 16 de janeiro para que apliquem o "Acordo de Conacri", um instrumento elaborado por esta organização sub-regional, para acabar com a crise na Guiné-Bissau, caso contrário, irá sancionar os que dificultem a sua aplicação.

Pedido de demissão do primeiro-ministro, Umaro Embaló

Que comece o jogo das cadeiras

Guinea-Bissau Demonstration in Bissau
Manifestação em Bissau (09.03.2017)Foto: DW/D. Darame

Entretanto, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o mais votado nas últimas eleições legislativas guineenses, notificou os 15 deputados dissidentes e expulsos, para que retomem os seus lugares no partido. A confirmação da abertura para a reintegração do também designado grupo dos 15, foi feita esta segunda-feira (15.01), em conferência de imprensa, por João Bernardo Vieira, porta-voz do PAIGC e Aly Hijazi, secretário nacional daquele partido. 

Segundo os dois dirigentes, os 15 deputados que contestam a liderança de Domingos Simões Pereira, podem participar no congresso ordinário do partido, que deve ter lugar entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro, se assim o entenderem.

Recorde-se que em nota à imprensa, divulgada na semana passada, o grupo dos 15 deputados fez saber que não acatará a abertura para sua reintegração no PAIGC "nos moldes em que o processo é conduzido", que considera de "ilusório e enganador".