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Guiné Equatorial: Com ou sem boicote "Obiang vai ganhar"

António Rocha / Lusa22 de abril de 2016

Oposição vai boicotar presidenciais, mas Presidente equato-guineense está seguro na reeleição e deverá bater todos os recordes africanos de longevidade no poder. A campanha eleitoral termina esta sexta-feira (22.04).

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Foto: DW/C. Vieira Teixeira
O Presidente Teodoro Obiang Nguema, que dirige a Guiné Equatorial com mão de ferro há 37 anos, está seguro na reeleição para um novo mandato de sete anos na liderança do país. Enfrenta seis candidatos na eleição presidencial deste domingo (24.04) , mas os principais partidos da oposição decidiram boicotar o pleito porque, como já foi anunciado várias vezes, "o Presidente cessante está seguro da sua reeleição".
A Frente da Oposição Democrática (FOD), coligação que reúne os principais partidos da oposição na Guiné Equatorial, apelou a 23 de março ao boicote das presidenciais, considerando estarem reunidas todas as condições para "fraudes".
"Se não boicotarmos as eleições, Obiang vai ganhar. Se boicotarmos, ele vai ganhar. Não servirá de nada boicotar ou não o escrutínio", diz Tutu Alicante, diretor-executivo da EG-Justice, um dos principais movimentos cívicos da oposição na Guiné Equatorial, sediado nos Estados Unidos.
Ainda assim, Tutu Alicante acredita que "boicotar estas eleições é a mensagem para demonstrar que Obiang não será um presidente legítimo". É isso que a oposição "quer mostrar à comunidade internacional", diz o diretor da EG-Justice. Em todo o caso, lembra Tutu Alicante, “Obiang já anunciou que este será o seu último mandato. Em 2010 vai retirar-se, tal como anunciou no início da campanha eleitoral”.
"O nosso medo, agora, é que ele tente colocar o seu filho, Teodorin Obiang, atual vice-presidente, como o próximo Presidente. É isso que devemos evitar na Guiné Equatorial", acrescenta.
Äquatorial-Guinea Militärparade
Teodoro Obiang num desfile militar, em 2015, para assinalar o aniversário do golpe de Estado de agosto de 1979Foto: DW/R. Graça
Não votem, pede oposição
Questionado sobre os motivos por trás dos apelos para não votar nas presidenciais de domingo, Tutu Alicante não tem dúvidas: "Porque é que não se deve votar nessas eleições? Porque o Governo gere a economia do terceiro país africano produtor de petróleo, mas continuam a existir carências, faltam hospitais, não há uma boa educação e a àgua e a eletricidade continuam a ser um sonho para a maioria da população".
Inicialmente prevista para novembro, a data do escrutínio foi adiada para 24 de abril por decreto presidencial, sem nenhuma explicação oficial.
Decano da longevidade no poder dos chefes de Estado africanos, Teodoro Obiang Nguema, com 73 anos, concorre a um novo mandato de sete anos, depois de ter sido reeleito em 2009 com 95,37% dos votos. Nguema chegou ao poder em 1979 na Guiné Equatorial através de um golpe de Estado.
O seu regime é regularmente criticado por organizações de defesa dos direitos humanos devido à repressão dos opositores, da sociedade civil e dos meios de comunicação social, bem como pela extensão da corrupção.
"Não se fala" dos problemas na Guiné Equatorial

Para este escrutínio, Obiang Nguema está à frente de uma coligação de dez partidos, incluindo o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder.
Os seus adversários contestam as eleições, porque, segundo Tutu Alicante, enquanto um Presidente como Obiang se mantiver no poder na Guiné Equatorial, "a oposição não pode fazer nada".

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"Não se fala da oposição na Guiné Equatorial, não se fala da crise económica em pleno crescimento, não se fala do desemprego no seio dos jovens nem do futuro dos jovens. De igual modo, não se fala das violações dos direitos humanos", diz o diretor-executivo da EG-Justice.
E as críticas de Tutu Alicante vão além das fronteiras da Guiné Equatorial: "A comunidade internacional, a França, a Espanha, os Estados Unidos da América e os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) são completa ou tacitamente cúmplices nas violações que têm lugar na Guiné Equatorial".
A Guiné Equatorial é membro da CPLP desde julho de 2014. A organização vai ter a partir desta sexta-feira (22.04) uma missão de observação das eleições presidenciais no terreno. A missão, composta por cinco elementos, será chefiada pelo embaixador de Timor-Leste junto da CPLP, Antonito de Araújo. A equipa deverá permanecer no país até meados da próxima semana, segundo o secretário executivo da organização, Murade Murargy.
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