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Igreja Católica pede mais apoio para refugiados congoleses

20 de junho de 2017

Todos os dias, centenas de congoleses continuam a fugir à violência e a procurar refúgio na província da Lunda Norte, em Angola. Mas os recursos são escassos e é cada vez mais difícil apoiar quem chega.

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Foto: UNICEF/N. Wieland

Garantir o "mínimo" de apoio aos refugiados congoleses tem sido a preocupação da Igreja Católica nos últimos meses. Mas mesmo isso tem sido difícil, afirma o bispo da diocese da Lunda Norte, Estanislau Chindecasse, em entrevista à DW África.

Segundo as Nações Unidas, centenas de refugiados chegam diariamente à província angolana fugidos da violência na região vizinha do Kazai, na República Democrática do Congo. Ao todo, já estão em Angola mais de 30 mil congoleses. Com cada vez mais refugiados a chegar, tornou-se mais complicado prestar apoio, pois os recursos são escassos.

A ONU pediu, na semana passada, 65 milhões dólares para fazer frente às necessidades crescentes. Esta semana, a Cáritas de Angola prolongou uma campanha nacional de recolha de donativos, em resposta a solicitações do Executivo angolano e da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).

Igreja Católica pede mais apoio para refugiados congoleses

DW África: Como olha para a situação atual dos refugiados da República Democrática do Congo que chegam diariamente a Angola?

Dom Estanislau Chindecasse (EC): Com muita preocupação e tristeza, porque são seres humanos que vêm para Angola à procura de condições humanas e de segurança. E nós, que também somos um povo de refugiados, pois a nossa história recente foi de guerra e conflito, temos de mostrar muita solidariedade e dar a ajuda que podemos dar.

DW África: Como estão a chegar estes refugiados?

EC: Vêm assustados, com medo. As condições são péssimas. O número de refugiados aumenta e isso faz com que seja difícil satisfazer as pessoas, porque mesmo as que já lá estavam têm sido ajudadas minimamente, com a ajuda das Nações Unidas e também alguma ajuda que a Cáritas tem conseguido. Ou seja, precisamos de mais ajuda, de uma ajuda mais eficaz, para que as pessoas possam ter, pelo menos, duas ou três refeições. Tem havido situações confrangedoras, inclusive alguma demora em fazer chegar [ajuda] às pessoas. O que estamos a fazer é o mínimo, porque não há outras possibilidades.

DW África: Que necessidades prioritárias há neste momento?

EC: As necessidades são várias: vestuário, especialmente para as crianças, medicamentos e alimentação, que já melhorou bastante, mas ainda é insuficiente para satisfazer as necessidades, porque as pessoas continuam a chegar.

Angola flüchtchtlings Kinder aus Kongo
Dom Estanislau Chindecasse: "Fizemos alguns apelos e não houve ainda grande resposta"Foto: UNICEF/N. Wieland

DW África: Como é que a Igreja tem estado a ajudar estes refugiados?

EC: A Igreja do Dundo [capital da Lunda Norte] foi a primeira a tentar minorar essas necessidades, mobilizando um pouco a generosidade do povo. Fomos recolhendo alguma alimentação e algum vestuário, mas, como digo, foi sempre uma coisa mínima. E, neste momento, está a decorrer em todo o país uma campanha de recolha de alimentos e vestuário, que, nos próximos dias, serão enviados para lá, com a ajuda do Exército. Isso é o que nós podemos fazer com os nossos meios aqui. E, como sabe, há aqui uma crise económica… O povo, normalmente, é generoso, mas…

DW África: A Igreja tem tido dificuldades em conseguir dinheiro ou donativos?

EC: Sim, temos tido dificuldades. Fizemos alguns apelos, timidamente, e não houve ainda grande resposta.

DW África: Como avalia, até agora, a atuação das autoridades angolanas face à chegada destes refugiados?

EC: Bom, penso que fomos todos surpreendidos [quando] há dois meses chegou um grupo de quase treze mil pessoas. Ninguém estava preparado – nem as autoridades civis, nem a Igreja. No princípio, não foi fácil. Agora, colocaram à disposição alguns campos para essas pessoas. Portanto, há um esforço da parte do Governo nesse sentido. Mas, naturalmente, como Igreja, as nossas motivações são outras: o que nos interessa é ir imediatamente ao encontro [das pessoas] para que ninguém passe fome, e é isso que nós estamos a tentar fazer. Os aspectos técnicos, onde colocar o campo de refugiados, são questões que, por enquanto, nos ultrapassam no quadro da emergência. A segurança deles está garantida – isso corresponde ao Estado e tem sido feito.