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Imprensa alemã aborda a crise do ébola na África Ocidental

Marcio Pessôa1 de agosto de 2014

Um jornal do país fez uma reportagem longa sobre os "madgermanes" de Moçambique. A mídia alemã, nesta semana, dedicou menos espaço aos ataques do Boko Haram e a matérias gerais sobre África.

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Foto: Fotolia

O Süddeutsche Zeitung publicou, na última quarta-feira (30/8), uma matéria especial sobre a vida dos moçambicanos na antiga Alemanha Oriental – a República Democrática Alemã. Conforme o texto, estima-se que 20 mil moçambicanos foram para o país convidados para trabalhar nos anos 1980.

Na Alemanha socialista, os trabalhadores tiveram uma experiência impossível de ser vivida em Moçambique, que estava em meio a uma guerra civil na época. Os jovens moçambicanos tinham uma carreira, dinheiro e discotecas à disposição. Era a liberdade que a Alemanha Oriental proporcionava. Com a queda do Estado operário e camponês, terminou também o sonho dos trabalhadores.

A reportagem do jornal alemão contou a história de um destes trabalhadores, Juma Madeira, que viveu na antiga Alemanha Oriental de 1981 a 1989. Hoje é reconhecido em Moçambique como um dos "madgermanes" – trabalhadores da antiga República Democrática Alemã que retornaram para sua terra.

Depois de uma infância difícil, de muitas necessidades em Nampula, aos 19 anos, como suas fotos mesmo mostram, ele ingressa na realidade da Alemanha Oriental. Aparece cercado por meninas brancas, usando calças jeans, ao lado de toca discos. “Tais fotos poderiam ter sido tiradas por vários outros moçambicanos”, como escreve o jornal.

A crise do ébola

A imprensa alemã trabalhou de forma intensa nesta semana a ameaça do ébola no continente africano. O Süddeutsche Zeitung publicou a matéria “Sob quarentena” e o Frankfurter Allgemeine Zeitung destacou a reportagem "Alerta na África Ocidental". Ambas as matérias descrevem como o vírus se torna cada vez mais preocupante na região.

Escolas estão a ser fechadas, casas vasculhadas e hospitais isolados. Conforme a reportagem, os casos de febre hemorrágica causada pelo vírus ébola subiram para 1323, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Totalizam 729 mortes em quatro países, Guiné-Conacry, Libéria, Nigéria e Serra Leoa, com 57 óbitos em apenas quatro dias.

Ehemalige DDR-Vertragsarbeiter aus Mosambik
Trabalhadores da antiga Alemanha OrientalFoto: DW/Romeu da Silva

Foram divulgados dados da organização Médicos Sem Fronteira dando conta que um total de 122 novos casos (confirmados em laboratório, casos prováveis e suspeitos) da febre hemorrágica causada pelo vírus ébola, assim como 57 mortes, foram notificados na Guiné-Conacry, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.

A Guiné-Conacry já registrou 460 casos (336 confirmados, 109 prováveis, 15 suspeitos) e 339 mortes, enquanto a Libéria notificou 329 casos (100 confirmados, 128 prováveis, 101 suspeitos) e 156 mortes.

Médicos infectados

A Nigéria apresentou somente um caso (caso de provável morte pela doença, ainda por confirmar) até ao momento, e a Serra Leoa registou 533 casos (473 confirmados, 38 prováveis e 22 suspeitos), incluindo 233 mortes. A OMS advertiu que a epidemia nestes países continua a espalhar-se entre a comunidade e agora também afeta os profissionais de saúde.

Ärzte ohne Grenzen im Training in Guinea-Bissau
MSF em treinamento na Guiné-BissauFoto: F. Tchuma

Die Welt trouxe um perfil do médico norte-americano Kent Brantly, de 31 anos, infectado pelo vírus na Libéria. A matéria destaca que o médico tem paixão por África e Medicina. Ele tratava doentes que tinham contraído o ébola, estaria "fraco e verdadeiramente doente", conforme seus colegas.

Segundo os médicos que o estão a tratar em Monrovia, o estado de Brantly, que trabalhava para a associação de solidariedade cristã Samaritan Purse, é estável. Um médico canadiano, que trabalhava com ele na Libéria, Azaria Marthyman, foi colocado em quarentena, quando regressou ao Canadá depois de um mês no terreno. Ele não apresenta sintomas, conforme a organização não-governamental.

Os efeitos do Boko Haram

O Berliner Zeitung tentou explicar porque os médicos têm tanta dificuldade de lidera com a crise. Conforme o texto, os trabalhadores estrangeiros não têm apenas de lutar contra o vírus e as condições de trabalho. “Um obstáculo tão grande ou maior é o medo e a incompreensão das comunidades locais que acabam facilitando a propagação da endemia”, escreve o autor do texto Johannes Dietrich.

Nigeria Autobombe in Maiduguri 01.07.2014
Boko Haram: carro explode em Maiduguri, na NigériaFoto: picture-alliance/AP Photo

O Frankfurter Allgemeine Zeitung noticiou o falecimento de Omar Khan, responsável médico do centro de tratamento do ébola em Kenema, no leste da Serra Leoa, uma das regiões mais afetadas pela epidemia. Ele morreu na terça-feira depois de ter contraído o vírus.

Khan é considerado um "herói nacional" pelo trabalho com os doentes de ébola. Havia sido admitido num centro de tratamento anti-ebola, gerido pela Medicos Sem Fronteira, em Kailahun, também no leste da Serra Leoa, depois de testes positivos ao vírus.

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O Neue Zürcher Zeitung publicou uma matéria do correspondente em Nairobi, Markus Haefliger, abordando o quanto o Boko Haram tem sido preciso e mais freqüente em suas ações. O destaque da matéria também foi a demissão de dois comandantes militares camaroneses em função da falta de efeito nas ações para conter as ofensivas da seita radical.

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