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Analistas: Internet facilita crime organizado em Moçambique

Romeu da Silva (Maputo)18 de maio de 2016

Para especialistas, as próprias instituições do Estado colaboram com a criminalidade. Tecnologias de informação são controladas por pessoas dentro de órgãos nos setores bancário, financeiro e judiciário.

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Foto: Colourbox

Analistas do setor da justiça consideram que o crime organizado tem o apoio das próprias instituições do Estado moçambicano. E, assim, dificilmente poderá ser combatido.

Ericino de Salema, da organização não-governamental IBIS, entende que as tecnologias de comunicação facilitam a criminalidade organizada. E têm tentáculos em setores bancários e da justiça.

"O que se deve fazer daqui para frente é haver um investimento sério no capital humano. Hão de achar ridículo que a nossa polícia não tenha acesso permanente à internet. Então, como é que aquele que não tem acesso à internet pode investigar aquele que recorre à internet da mais sofisticada para cometer crimes?", questiona o especialista.

Os juízes moçambicanos queixam-se de insegurança no exercício das suas funções. Luís Mondlane, presidente da Associação Moçambicana dos Juízes, exige a profissionalização da polícia.

"Não faz muito sentido que os tribunais e os seus titulares – os juízes – estejam totalmente desprotegidos no exercício de suas funções, quando lidam com questões criminosas muito graves, como é o caso do crime organizado", afirma.

Críticas aos juízes
Já o jornalista e analista Fernando Lima não poupa críticas aos magistrados. Segundo ele, estes não merecem proteção especial porque pouco fazem pela justiça.

Symbobild Richter
Analistas criticam papel dos juízes no combate à criminalidadeFoto: Fotolia/apops

"Todo este setor está mais preocupado com as suas togas do que mostrar serviço, dar a cara para o combate à ilegalidade, à corrupção e ao crime. A sociedade quer mais deste setor", argumenta.

Também Alice Mabote, presidente da Liga dos Direitos Humanos, critica os juízes. Os magistrados alegavam que os sequestros eram praticados majoritariamente por moçambicanos de origem indiana, mas agora estão a ver que os fatos mostram outra realidade: eles também são vítimas. O crime organizado atinge-os, assim como outras camadas sociais. "Isto tem de nos preocupar", diz.

O bastonário da Ordem dos Advogados, Flávio Menete, considera que, enquanto o crime organizado tiver poder financeiro será muito fácil corromper os agentes envolvidos "na busca da verdade de modo a serem punidos". "Então, tem de haver gente íntegra, com preparação técnica suficiente, mas tem que haver meios materiais e financeiros à sua função", defende.

Em abril passado, o crime organizado vitimou o procurador Marcelino Vilanculo e, há dois anos, o juiz Dinis Silica. Os assassinatos ainda não foram esclarecidos.

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