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JLo em Cabinda: "Era mais uma visita de exibicionismo"

Simão Lelo
29 de abril de 2022

Deputados da oposição em Cabinda, Angola, consideram que a visita de três dias de João Lourenço ao enclave não teve qualquer sucesso. Tratou-se mais de "uma visita de exibicionismo", afirma a oposição.

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Angola Cabinda Besuch Prasident João Lourenço
O Presidente angolano João Lourenço durante sua visita ao enclave de CabindaFoto: Autor: Simão Lelo/DW

Em conferência de imprensa nesta sexta-feira (29.04) para debater a visita do Presidente de Angola à Cabinda, que aconteceu na última semana, os partidos políticos de oposição no enclave disseram considerar que a visita de João Lourenço "não teve os resultados preconizados" porque, logo de princípio, "houve um boicote por parte da população".

Além disso, a oposição angolana em Cabinda acusa o Presidente angolano e líder do partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de se calar diante de várias situações que afligem o povo desta província. 

Muitas preocupações dos cabindenses foram levantadas pelos líderes da oposição. Nomeadamente, os despedimentos na empresa petrolífera Chevron, a fome e a pobreza, o conflito armado em Cabinda e a falta de transparência.

O líder da União para Independência Total de Angola (UNITA),  José do Gringo Júnior Lembe, frisou que, em momento algum, João Lourenço, foi aceito pelas populações.

Angola Treffen der Oposition
Os três líderes da oposição em Cabinda: Secretária da FNLA, Pelágia Mabiala (centro); secretário provincial do PRS, Dongi Viera, (esq.) e José do Gringo Júnior Lembe, membro da UNITA (dir.)Foto: Simão Lelo/DW

"Não teve sucesso"

"O senhor Presidente João Lourenço não teve sucesso. Nem como Presidente da República, nem como presidente do MPLA, porque os cabindas, antecipadamente, fizeram apelos de boicote", disse Júnior Lembe.

Entretanto, quanto à recepção do Presidente, o líder da UNITA denuncia e lamenta que muitos cidadãos tenham sido obrigados a estar presentes nos locais por onde João Lourenço passou, bem como no ato de massas.

"Há falta de popularidade em Cabinda. O MPLA impôs a todas as direções das escolas a condução dos alunos e professores ao comício, ameaçando os que não cumprissem com punições severas", acrescentou.

A situação política e militar no enclave ainda é delicada e preocupa os partidos na oposição com assento parlamentar na província.

Para o líder da UNITA em Cabinda, o MPLA devia dar maior atenção a este aspecto.

Angola Treffen der Oposition
Placares durante o encontro de líderes oposicionistas em Cabinda nesta sexta-feira (29.04)Foto: Simão Lelo/DW

Expetativas frustradas

"O MPLA negociou a paz em Cabinda, não foi a nação angolana. Se assim o fosse, todos os pressupostos deveriam ter merecido a aprovação da Assembleia Nacional. Sendo assim, a vinda do Presidente à Cabinda deveria servir para [o Presidente] sentar com a sociedade civil, com as vozes autorizadas, mas ele não o fez. Fez o contrário, buscou vozes internas do seu partido e simulou um diálogo com a sociedade civil. Mas não o fez", explicou Júnior Lembe.

Segundo Pelágia Mabiala, secretária provincial da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) em Cabinda, a pretensão do seu partido era ver o Presidente João Lourenço pôr à mesa as conversações para se evitar mais mortes no interior. Mas isso não aconteceu.

"Por que razão o senhor Presidente não sentou com a população para compreender exatamente o que se passa? Portanto, nós em Cabinda não temos paz. Ainda vemos ataques onde várias crianças, mulheres e homem são mortos", disse ela.

Outro problema levantado na conferência de imprensa sobre a visita de João Lourenço refere-se ao alegado uso da máquina pública nas campanhas partidárias do MPLA.

Segundo o secretário do Partido de Renovação Social (PRS), Dongi Viera, "estão a gastar dinheiro do país, para fazer propaganda do MPLA", criticou.