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Jovens unidas contra assédio sexual no norte do Gana

Maxwell Suuk / mjp28 de agosto de 2015

No norte do Gana, muitas mulheres, vítimas de assédio sexual, ficam no silêncio e não denunciam os agressores devido à pressão social. Recentemente, jovens ganesas criaram grupos de auto-ajuda.

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Foto: Getty Images

A noite cai em Tamale, a capital da região norte do Gana, e um grupo de jovens raparigas canta uma canção sobre a sua história, num círculo. Juntaram-se para discutir os problemas que as afetam - o assédio sexual é o tema que mais as ocupa.

"Nós, jovens mulheres, não estamos seguras nas nossas comunidades", diz uma adolescente, que foi vítima de assédio sexual. O agressor era um homem casado. "Ele estava a falar comigo e tentou tocar no meu peito. Por isso, virei-me e fugi."

Symbolbild Vergewaltigung sexuelle Gewalt Afrika
Muitas mulheres, vítimas de assédio sexual, são obrigadas a ficar no silêncio (foto de arquivo)Foto: picture-alliance/dpa

Este grupo de jovens faz parte das "Jovens Mulheres Urbanas" de Tamale, um movimento que tenta dar-lhes mais poder e protegê-las do assédio e violência sexual. Muitas não confiam em nenhum elemento do sexo masculino na sua comunidade. É o caso de uma jovem que pede para ser identificada como Memuna.

"Não confio em ninguém. Se for ter com o líder da comunidade ou qualquer outra pessoa para dizer que um membro da minha família está a tentar ter relações sexuais comigo, eles vão dizer que estou a manchar o nome da minha família e vão dizer isso aos meus pais, posso ser agredida."

Quebrar o silêncio

Este é um dilema com que muitas jovens se deparam no nordeste do Gana. Muitas vezes são silenciadas, independentemente da gravidade do assédio de que foram alvo. Agora, a organização NORSAAC (Centro de Acção para a Consciencialização do Setor Norte) está a prestar apoio a estas mulheres, com conselhos e formações.

"Com as sessões de aconselhamento, as jovens ganham a confiança necessária para falarem sobre os problemas que as afetam, especialmente em relação aos direitos sexuais", afirma a instrutora Nancy Yari, da NORSAAC.

É preciso denunciar

Na Unidade de Violência Doméstica e Apoio à Vítima da polícia de Tamale, há uma fila de pessoas à espera, com várias queixas de abusos. Mas as autoridades dizem que, desde 2009, só foram reportados à unidade cinco casos de assédio sexual.

Emmanuel Horlotu, o coordenador desta secção em Tamale, acredita que os dados oficiais pintam um cenário errado da realidade.

"Não significa que os crimes de assédio sexual não estão a ocorrer, eles acontecem, mas as vítimas não querem apresentar queixa", diz. "Se não fazem as denúncias, a polícia não pode fazer nada."

[No title]

Há duas semanas, as jovens do norte do Gana denunciaram publicamente o facto de o assédio sexual estar a ameaçar o seu potencial na escola e no trabalho. E exigem mais protecção por parte dos líderes das comunidades. A rede de Jovens Mulheres Urbanas e a NORSAAC estão a apoiá-las nesta luta.