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Dirigente da RENAMO assassinado no centro de Moçambique

Lusa | ar
28 de outubro de 2016

Dirigente da RENAMO em Gúruè, província da Zambézia, foi morto a tiro na sua residência, uma ação atribuída pelo partido aos "silenciadores da democracia", disse à agência de notícias Lusa fonte do movimento.

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Mosambik Quelimane
Cidade de Quelimane (Zambézia)Foto: DW/J. Beck

Um grupo armado disparou vários tiros que atingiram mortalmente Luciano Augusto, dirigente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), no quintal da sua residência na noite de quinta-feira (27.10.), quando regressava do trabalho, disse à agência de notícias Lusa, Abdala Ibrahimo, delegado político provincial do maior partido da oposição.

"Ele foi baleado mortalmente e ficámos indignados com este assassínio selvagem", declarou Abdala Ibrahimo, acrescentando que vozes opositoras à atual governação têm sido perseguidas pela "intolerância política" da ala governamental.

"Pensamos nós que não é solução para este país [o silenciamento da oposição]", disse Abdala Ibrahimo, acrescentando que a violência política está a amputar a democracia, e apelando aos "organizadores desta situação" para o respeito do direito à vida e das pessoas com ideologias politicas diferentes, sobretudo os membros da oposição.

Sem avançar números concretos, Ibrahimo, disse que dezenas de membros da oposição foram mortos nos povoados, distritos e em zonas rurais e urbanas, na sequência da violência político-militar que aflige o centro e norte de Moçambique, descrevendo que outros milhares pernoitam nas matas para fugirem da perseguição de que são alvos.

Polícia não se pronunciouA Polícia na Zambézia ainda não se pronunciou sobre o homicidio do dirigente da RENAMO na província.

Militantes dos dois principais partidos moçambicanos, Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) e RENAMO, foram assassinados nos últimos meses no país, no contexto da atual violência militar entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da oposição.

Jeremias Pondeca, membro do Conselho de Estado pela Renamo, que integrava a equipa do partido nas negociações com o Governo para a paz no país, foi recentemente encontrado morto em Maputo com sinais de balas no corpo.

Mosambik, Oppositionspartei Renamo
Jeremias Pondeca (esq.)Foto: DW/L. Matias
Polizei Mosambik
Foto: E. Valoi

Na quarta-feira (26.10.), a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acusaram no parlamento o Governo de ter criado esquadrões de morte contra membros da oposição, enquanto a bancada da Frelimo imputou ao braço armado do principal partido da oposição a autoria de assassínios dos seus militantes.

O ministro da Justiça de Moçambique, Isaque Chande, rejeitou as acusações de que o Governo instituiu esquadrões de morte contra militantes da oposição, assinalando que as autoridades perseguem apenas organizações criminosas.

As autoridades moçambicanas acusam a RENAMO de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos. A RENAMO, por sua vez, acusa as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.

Apesar dos casos de violência, o Governo moçambicano e a Renamo mantêm o diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacionais.

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Ex-PR moçambicano Joaquim Chissano diz que falta confiança para paz

O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano considera que a falta de confiança entre os partidos políticos inviabiliza a prevalência de uma paz duradoura no país, defendendo uma mobilização geral para a construção da nação.

"Temos que criar confiança, podemos sentar, discutir divergir, mas continuar a falar para irmos agarrando aquelas partes onde a cola funciona e nos unem e reforçam", disse Chissano, falando no lançamento em Maputo da obra "Análise da Segurança na África Austral: Novos Riscos e Novas Abordagens para a Segurança Coletiva".

Joaquim Chissano
Joaquim ChissanoFoto: DW/B. Darame

De acordo com o antigo chefe de Estado, o país devia ser mais solidário em torno das suas principais causas e não apenas em casos de calamidades naturais.

Para Joaquim Chissano, a dependência das instituições africanas em relação à comunidade internacional é um fator de fragilização da democracia no continente.

"Ainda não aprendemos a confiar nas nossas próprias forças e aqueles que apoiam ditam-nos, quem tem a flauta determina o tom", acrescentou Joaquim Chissano.

Soluções mais práticas

Chissano exortou a classe académica, que compunha a maioria dos presentes no lançamento da obra, a apresentar soluções mais práticas para os problemas que o país atravessa.

"É preciso haver aqueles que falam, falam e falam, mas entre os académicos, tem que haver aqueles que fazem, fazem e fazem, porque só assim é que podemos progredir", assinalou o ex-Presidente moçambicano.

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