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Membro da RENAMO assassinado no norte de Moçambique

Sitoi Lutxeque (Nampula)
16 de dezembro de 2016

José Murevete, da bancada da RENAMO na Assembleia Provincial de Nampula, foi baleado mortalmente na noite de quinta-feira (15.12), em casa, nas proximidades de um posto policial, por um grupo de desconhecidos.

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Foto: DW/S. Lutxeque

José Murevete, de 49 anos, representava o principal partido da oposição moçambicana na Assembleia Provincial de Nampula. Segundo a família, tudo aconteceu por volta das 23 horas, no bairro de Mutauanha, em Nampula. Um grupo de desconhecidos tentou, sem sucesso, arrombar a porta da casa onde se encontrava o membro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Os assaltantes iniciaram, então, uma série de disparos que acabaram por atingir mortalmente José Murevete.

A esposa, Catarina Rafael, diz não saber quais seriam as reais intenções dos agressores. "Quando chegaram aqui bateram à porta duas vezes, começámos a gritar e eles iniciaram com disparos [para o lado do quarto] e o meu marido saiu para a sala. E nós [ela e filhos] escondemo-nos debaixo da cama", contou.

Cláudio Rafael, outro familiar do membro da RENAMO, diz que não encontra explicações para este assassinato. "Pelo que eu saiba, ele não tinha problemas com ninguém. Ele era membro da Assembleia Provincial da RENAMO além disso não fazia mais nada", afirma Cláudio Rafael. Conta ainda que Murevete não tinha problemas na sociedade e dedicava a sua vida ao trabalho para sustentar a família.

A menos de 50 metros, polícia demorou a aparecer

Nas paredes da casa de José Murevete são bem visíveis as marcas dos tiros. No local, foram encontradas mais de 10 cápsulas de balas. 

A residência da vítima fica a poucos metros do posto policial. E Lopes Salimo, cunhado da vítima, estranha o facto de a polícia só ter aparecido no local do crime na manhã desta sexta-feira (16.12). 

Mosambik, Zacarias Nacute, Sprecher der Polizei
Porta-voz da PRM em Nampula admite falhas na prevenção do crimeFoto: DW/S. Lutxeque

"Estou praticamente maluco com esta situação. Temos um posto policial aqui perto, nem faz 50 metros. Mais de 80 balas atiradas em volta da casa até matar o homem e a polícia dizer que não sabe da situação e não interpelou o assunto quer dizer o quê com isso?", interroga o cunhado, revoltado.

O corpo de José Murevete foi levado quinta-feira para a morgue do Hospital Central de Nampula. "A equipa que estava em serviço ontem recebeu um corpo, hoje tive informações que foi um baleamento. Nós aguardamos sempre a informação da Polícia de Investigação Criminal (PIC) para fazermos a autópsia. Ainda não tivemos nenhuma informação, só sabemos que foi baleado na sua casa e é do sexo masculino", confirmou Bainabo Sahal, diretora clínica da unidade.

O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, Zacarias Nacute, admite que "houve uma falha na prevenção" do crime. Mas "todos os trabalhos no sentido de esclarecer o caso estão sendo realizados neste momento", garante Nacute.

16.12.16 RENAMO assassinato Nampula - MP3-Stereo

"Quanto aos invólucros encontrados no local, já foram dirigidos ao nosso laboratório de balística onde serão trabalhados para apurar todas as circunstâncias atinentes ao crime ocorridos’’, disse o porta-voz da PRM em Nampula.

Este é o segundo caso de baleamento mortal de um membro da RENAMO na província de Nampula em menos de dois meses. Em outubro, no distrito de Ribaué, foi morto a tiro o delegado distrital do partido da oposição. A polícia diz não ter ainda pistas.

Fonte da RENAMO que preferiu não se identificar disse à DW África que esta pode ser uma ação para intimidar os membros do partido de Afonso Dhlakama.

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