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Minas antipessoais continuam a ameaçar vidas no Zimbabué

Columbus Mavhunger / Cristina Krippahl5 de novembro de 2013

O Zimbabué alega dificuldades financeiras para o eventual incumprimento do Acordo de Ottawa, que define os prazos de desminagem. O país precisa de cerca de 100 milhões de dólares para a desminagem completa

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Foto: picture-alliance/ZB

Perto da fronteira de Moçambique, na floresta densa a cerca de 700 quilómetros da capital zimbabueana, Harare, minas antipessoais colocadas durante a era colonial continuam a matar e mutilar. Há que seguir os caminhos marcados pelo exército, reponsável pela desminagem. Hlengani Mudzvikiti, da aldeia de Samu, pisou uma mina há três anos, perdendo uma perna. "Estava no pastoreio e andava com cuidado. Muitas vezes segui o gado para evitar pisar numa mina. Mas nesse dia aconteceu. Tive pouca sorte e pisei onde o gado não tinha passado", conta.

Hlengani Mudzvikiti foi encontrado por familiares no dia seguinte à explosão. No hospital amputaram-lhe a perna abaixo do joelho e mandaram-no para casa. O homem de 48 anos ainda não conseguiu os vinte dólares (cerca de 15 euros) para o bilhete de autocarro para ir à clínica buscar uma prótese. Hlengani Mudzvikiti é um dos vários mutilados na aldeia de Samu, que vivem na mais abjecta pobreza.

Landminen
As minas antipessoais foram colocadas no Zimbabué na era colonialFoto: picture-alliance/dpa

Faltam apoios internacionais
Trinta e três anos depois do reconhecimento da independência, a desminagem continua incompleta no Zimbabué. O ministro da Defesa do Zimbabué, Sydney Sekeramayi, justifica com a falta de recursos: “Inicialmente tínhamos o apoio dos Estados Unidos da América e da Grã-Bratanha. Mas em protesto contra a nossa reforma agrária, suspenderam a assistência em 2000".

Desde então, o Governo do Zimbabué assumiu a desminagem sózinho, até que recentemente o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) passou a prestar assistência. O CICV está agora a treinar o pessal de desminagem na fronteira entre o Zimbabué e Moçambique e já doou o material necessário para executar a operação, mas isso não é suficiente. “O problema das minas no Zimbabué ainda não está resolvido. O exército sózinho não pode cumprir os prazos", aponta Olivier Dubois, o chefe do CICV no Zimbabué.

5.500 minas ativas
A Halo Trust, uma organização britânica de desminagem, diz que o Zimbabué é uma das áreas do mundo com a mais elevada densidade de minas: cerca de 5.500 minas activas por quilómetro.O país precisa de cerca de 100 milhões de dólares (cerca de 74 milhões de euros) para a desminagem completa, uma soma que vai além das possibilidades do Governo. A menos que chegue nova assistência, mais zimbabueanos sofrerão mutilações ou serão mortos.

O Zimbabué aderiu à Convenção de Ottawa que proíbe a produção, transferência, armanzenamento e uso de minas antipessoais. Mas não conseguiu cumprir o prazo da desminagem em 2009. Harare diz que vai precisar de mais de 30 anos para completar a operação, caso não obtenha assistência.

Minas antipessoais continuam a ameaçar vidas no Zimbabué

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Muitos mutilados vivem em condições de extrema probrezaFoto: picture-alliance/dpa