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Moçambique quer revitalizar setor do algodão

Romeu da Silva (Maputo)23 de maio de 2014

Numa altura em que a corrida empresarial se destina aos recursos minerais, o país quer revitalizar o setor algodoeiro – no passado, um setor que dinamizou a economia moçambicana.

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Foto: tobias kromke/Fotolia

Governo, investidores privados e parceiros de cooperação procuram formas de revitalizar o setor algodoeiro. As três partes reuniram-se em Moçambique para promover e aprofundar parcerias técnicas e financeiras para a cadeia de valores do setor do algodão, pois, neste momento, a produção do chamado "ouro branco" envolve quase na totalidade pequenas famílias e pequenos industriais.

O presidente da Associação dos Produtores do Algodão em Moçambique, Francisco Ferreira, quer mudar essa situação.

"Por um lado, precisamos de uma produção empresarial forte, que nos permita implementar alterações profundas e tecnológicas necessárias. Por outro lado, o algodão tem que deixar de ser visto apenas como uma pequena fonte de renda para as populações do meio rural", afirma o responsável. "Temos que encontrar os nossos ‘campeões’ agricultores, aqueles que querem crescer. Temos que lhes dar condições para eles poderem produzir em mais áreas e terem maiores rendimentos."

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Os produtores de algodão acreditam que, se houvesse mais empresários estrangeiros a investir no setor, o cenário poderia ser outro. Mas isso não significa voltar as costas aos empresários nacionais, acrescenta Francisco Ferreira.

Atualmente, a economia do país está a crescer devido à exploração dos recursos mineiros. Mas os produtores de algodão têm fé no sucesso dos investimentos no setor.

Aumentar produtividade e qualidade

Neste momento, 250 mil famílias estão envolvidas na produção de algodão em Moçambique. O produtor José Domingos queixa-se que, atualmente, se investe pouco no setor. Mas há potencial para aumentar a produção algodoeira.

"Um dos desafios que os produtores de algodão do setor familiar enfrentam é a baixa produtividade e a qualidade do algodão", afirma José Domingos. "Estes desafios, aliados ao sucesso limitado do serviço de extensão [agrária] e insumos agrícolas, equipamentos agrícolas, tecnologia de produção e acesso a serviços financeiros, tem contribuído para o baixo desempenho dos produtores e a baixa renda."

Apesar das adversidades, o algodão ocupa o sétimo lugar dos produtos moçambicanos mais exportados. Mas o Governo também está interessado em mais produtos de algodão "Fabricados em Moçambique".

Baumwoll-Fabrik Guro Mosambik
Algodão por processar numa fábrica em MoçambiqueFoto: DW/J.Beck

O ministro moçambicano da Agricultura, José Pacheco, lembra que o país está a implementar uma estratégia na indústria têxtil e de confeções para "agregar valor aos produtos processados e gerar retornos viáveis aos investidores, além de criar oportunidades de trabalho e emprego com efeito multiplicador na contribuição para a receita pública."

O plano de ação para o setor algodoeiro contempla 14 projetos, que têm um custo estimado de investimento de 118 milhões de dólares. Para viabilizar os investimentos privados ao longo da cadeia de valor, outros 233 milhões de dólares deverão ser mobilizados.