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Moçambique: Lucros dos tempos de guerra acabaram

20 de julho de 2017

Várias pessoas ganharam muito dinheiro durante os confrontos armados entre as forças governamentais e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição.

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O agente económico Lucas Trindade Lopes trabalha na Estrada Nacional 7Foto: Luciano da Conceição

Enquanto algumas pessoas morriam nos confrontos entre as forças governamentais e a guerrilha da RENAMO, principalmente na zona centro de Moçambique, alguns cidadãos ganhavam muito dinheiro na venda de vários produtos aos viajantes que aguardavam as colunas de escolta militar, a única forma segura de deslocação entre as regiões com segurança. A situação deu azo a negócios lucrativos.

Mosambik - Odete Kany, das Changara Bezirk Geschäft
A empresária Odete Kany faturava diariamente entre 170 e 280 eurosFoto: Luciano da Conceição

A empresária no distrito de Changara, Odete Kany, disse à DW África que no tempo das escoltas militares o negócio floresceu: "Consegui levantar este bloco de três quartos suítes, coloquei janelas e alumínio, portas, mosaicos, mármore nos quartos. Tínhamos um bom movimento, porque tinha aqui viajantes que aguardavam as colunas militares", pelo que ganhava dinheiro principalmente com as refeições, faturando "diariamente entre 12 e 20 mil meticais" (entre 169 e 283 euros)", conta a empresária.

Mas, atualmente, com o calar das armas, a situação é diferente. Os clientes de outrora não existem e hoje fatura com refeições "entre 3 e 5 mil meticais" (entre 42 e 70 euros)".

No entanto, Odete Kany prefere lucrar menos mas ter mais tranquilidade: "não podemos dizer que a situação era melhor, porque os nossos irmãos morriam nas estradas".

No tempo das colunas faturava-se e bem

Lucas Trindade Lopes, agente económico que trabalha ao longo da Estrada Nacional 7, conta que durante o período do conflito armado conseguiu comprar alguns animais para criação que depois vendia.

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As poupanças permitiram a Américo João construir duas casasFoto: Luciano da Conceição

"Comprei cabritos, porcos e galinhas que estou a criar lá em casa. No tempo das colunas faturámos e bem. Havia muito movimento de pessoas e vendia, por exemplo, duas caixas de água por dia", recorda Lucas Trindade Lopes. No entanto, "agora levamos uma semana para vender uma caixa", lamenta.

Também Américo João conseguiu emprego, embora de curta duração, durante a fase dos confrontos entre as tropas governamentais e a RENAMO e "estava a faturar mesmo". Américo João vendia recargas de telemóveis para os viajantes na vila Luenha e, por dia, faturava em média 6 mil meticais (cerca de 84 euros). Com o que conseguiu poupar, Américo João construiu duas casas e atualmente não trabalha para terceiros.

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Apesar de tudo, Américo João está "feliz porque a coluna parou" com o fim dos confrontos armados.

Um agente económico na província de Manica, Xadreque Banda, refere que a situação económica era melhor no tempo das escoltas militares. Na altura, conseguiu construir a residência com que sonhava e hoje lamenta ter poucos clientes.

"Andavam a dormir aqui e aproveitava para fazer negócios. Claro que havia muito movimento", mas "no tempo das colunas militares conseguia um lucro maior", o que permitia,  por exemplo, construir" casa.

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