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Moçambique: Morte de Nhongo é o fim da Junta Militar?

Arcénio Sebastião
11 de outubro de 2021

Mariano Nhongo, antigo líder guerrilheiro dissidente da RENAMO, morreu esta segunda-feira em combate nas matas de Sofala, centro de Moçambique. Mas será que o seu desaparecimento físico dita o fim de um movimento? 

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Mosambik RENAMO-Militärjunta in Gorongosa | Mariano Nhongo
Foto: DW/A. Sebastião

O analista Wilker Dias dúvida que a morte de Mariano Nhongo seja o fim inquestionável do grupo dissidente do maior partido de oposição moçambicana, a autodenoninada Junta Militar da RENAMO. 

"Estamos perante a morte de um líder, mas não a morte de um movimento", advertiu o analista, que recordou que "nós não sabemos o que está e que pode passar-se na cabeça desses indivíduos" que pertenciam ao grupo armado.

Mosambik | Die neuen Führungen von MDM
Wilker Dias, analista políticoFoto: Arcénio Sebastião/DW

"O que deveria acontecer neste preciso momento era a persuasão daqueles indivíduos que fugiram aquando da investida por parte da Polícia da República de Moçambique (PRM) para que pudessem entregar-se às autoridades ou aderir ao processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR)" dos ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), sugere.

Nova chefia em risco

Wilker Dias alerta que "ao estar a fomentar-se o espírito de captura destes indivíduos nesta altura em que estão sem o seu líder sem saber se vão para norte ou para sul, poderemos estar a criar um novo núcleo de chefia dentro do movimento para que possam continuar as incursões".

Nesse sentido, o analista apela às autoridades moçambicanas para usarem com muita urgência a queda do líder como um "troféu" para trazer os outros integrantes do grupo à vida civil, sob pena dos mesmos voltarem a reacender a guerra no centro do país num momento de fragilidade como o atual.

A morte de Mariano Nhongo foi confirmada ao início da tarde desta segunda-feira (11.10) na cidade de Maputo pelo comandante-geral da PRM. Bernardino Rafael disse que, apesar de ser um fim "não desejado", os trabalhos vão continuar de modo a garantir segurança e tranquilidade pública na região centro de Moçambique. 

Generalkommandant der Polizei der Republik Mosambik   Bernardino Rafael
Bernardino Rafael, comandante-geral da PRMFoto: DW

"As Forças de Defesa e Segurança (FDS) em patrulha tiveram um combate com a Junta Militar da RENAMO liderada por Mariano Nhongo. Deste combate, resultou a morte de Mariano Nhongo, o líder da Junta Militar, e um dos seus seguidores mais próximos chamado Gulau Kama", avançou.

Mariano Nhongo liderava um grupo de antigos guerrilheiros da RENAMO suspeito de matar 30 pessoas, desde 2019, como forma de contestar o acordo de paz assinado naquele ano, a liderança do partido, bem como as condições que lhes eram oferecidas para o desarmamento.

Via das negociações não funcionou

Em comunicado de imprensa, o enviado especial das Nações Unidas Mirko Manzoni lamentou as circunstâncias da morte do líder do grupo e lembrou que foram envidados esforços para trazer a paz à região sem o recurso à violência.

À DW África, um antigo membro do grupo, André Matsangaíssa Júnior, que regressou à vida civil depois de beneficiar do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR), lamentou a morte do seu ex-líder, assumindo-se "muito triste" com o sucedido na manhã desta segunda-feira.

"Mariano Nhongo é um cidadão moçambicano. Este cidadão moçambicano tem direito à vida. Dói-me o coração, porque não era isso que eu esperava. Esperava que um dia Mariano Nhongo saísse [da guerrilha], para uma vida livre e de paz com a família", admitiu.

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