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Gâmbia pouco mudou em meio ano de Adama Barrow no poder

Omar Wally | Gwendolin Hilse | Mamadou Alpha Diallo | mjp
19 de julho de 2017

O novo regime trouxe liberdade, no entanto a economia sofre e o pequeno país da África Ocidental carece de reformas estruturais.

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Presidente da Gâmbia, Adama BarrowFoto: picture alliance/abaca/X.Olleros

Poucas vezes uma eleição suscitou tanta esperança no continente africano como aquela que colocou Adama Barrow na Presidência da Gâmbia, em dezembro do ano passado.

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas da capital, Banjul, para celebrar a vitória de Adama Barrow, após 22 anos do regime opressivo de Yahya Jammeh.

Barrow venceu as eleições com a promessa de libertar a Gâmbia da ditadura. Para os seus apoiantes, a vitória significava o nascimento de uma nova era de liberdade, democracia, progresso, prosperidade e respeito pelo Estado de direito.

Esta quarta-feira (19.07), Amada Barrow assinala seis meses de presidência. No entanto, a "nova Gâmbia" prometida pelo chefe de Estado ainda é uma realidade distante.

"Acho que não foi feito muito nas áreas de desenvolvimento. É como se continuássemos todos no limbo. Há muito caos e escuridão, nem sabemos para onde é que o Governo nos está a levar", afirma desiludida Mariama Danso, estudante da Universidade da Gâmbia.

"Jammeh foi embora. Acho que o Governo não pode culpá-lo por todas as coisas que estão a acontecer no país", acrescenta a estudante.

Sopro de liberdade e sufoco na economia

O jornalista Amadou Khalil Diémé considera que a principal mudança introduzida pela presidência de Amada Barrow foi o regresso da "liberdade, sobretudo da liberdade de expressão - que não existia na Gâmbia durante o regime de Jammeh". No entanto, "a economia gambiana está a sofrer", lamenta o jornalista.

Gambia Ex-Präsident Yahya Jammeh
Ex-Presidente gambiano, Yahya JammehFoto: Picture-Alliance/Gambia State TV via AP

O Governo já admitiu que está a ter dificuldades na recuperação económica. Diz que herdou uma economia na bancarrota por causa da corrupção sistemática do regime de Yahya Jammeh e dos seus aliados.

Recentemente, foi criada uma comissão para investigar os bens do ex-Presidente. Em maio, o ministro da Justiça, Abubacarr Tambadou, anunciou o congelamento de bens de Jammeh, por suspeita de ter desviado cerca de 44 milhões de euros.

O economista Nyang Njie espera reformas rápidas e fundamentais: "O maior desafio de Barrow é ter uma governação económica forte para reestruturar as instituições do Governo, as instituições económicas e de poder e influência".

Mais violência na sociedade

O analista senegalês Malamine Bodian considera, por sua vez, que se desperdiçou muito tempo desde a saída de Yahya Jammeh, sobretudo no que diz respeito à segurança. "Os primeiros seis meses de Adama Barrow na Presidência da Gâmbia não tiveram mudanças notáveis. As pessoas esperavam mudanças em várias áreas", conta o analista.

19.07 Actualidade: Seis meses de Adama Barrow - MP3-Mono

Pelo contrário, há mudanças negativas na sociedade gambiana: "Há mais assaltos à mão armada e a venda e consumo de drogas estão em níveis alarmantes", afirma o analista senegalês Malamine Bodian.

Há também quem tema que os ex-soldados leais a Yahya Jammeh possam representar uma ameaça ao novo Presidente. Mas o professor Amadou Fall, especialista em geopolítica africana, afasta esta hipótese: "Rejeitamos totalmente este argumento. Se há um perigo, hoje, ele é interno: na forma como o Estado é gerido, na inexperiência dos homens que chegaram ao poder."

O Presidente Yahya Jammeh foi forçado a abandonar o poder pelas tropas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), após as controversas eleições presidenciais de dezembro.

Desde então, vive exilado na Guiné Equatorial. O mandato das tropas da CEDEAO – inicialmente de três meses – foi recentemente alargado por mais um ano.

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