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Presidente moçambicano aberto ao diálogo com líder da RENAMO

Leonel Matias (Maputo)3 de fevereiro de 2015

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que está disponível para dialogar de imediato com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, para preservar a paz no país.

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Filipe Nyusi e Afonso DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa/Pedro Sa Da Bendeira/Getty ImagesGianluigi Guercia/Montage

Moçambique assinalou esta terça-feira (03.02.) o Dia dos Heróis Nacionais com cerimónias em todo o país.

A tónica principal das intervenções foi a necessidade de manter o diálogo e preservar a paz e a unidade nacional. Foi nesse sentido que o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou que está pronto para dialogar "agora mesmo, se houver possibilidade" com o líder do principal partido da oposição.

"Já dei o sinal da prontidão para podermos falar. Só falando é que nos entendemos uns aos outros", disse o chefe de Estado moçambicano.

Esta foi a primeira resposta pública de Nyusi aos pronunciamentos do líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, que ameaça criar um Governo de gestão ou uma região autónoma no centro e norte do país, em protesto contra os resultados das recentes eleições gerais.

Questionado se estaria disponível para abordar com Dhlakama as exigências do líder da oposição, Nyusi afirmou que "o diálogo nunca é pré-condicionado porque também não sabemos o que o povo quer."

Wahlkampf 2014 Mosambik Renamo Afonso Dlhakama
Líder da RENAMO, Afonso DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa

"Através da conversa, do diálogo, podemos chegar a conclusões sobre aquilo que achamos ser útil para os moçambicanos", disse.

Apelos ao diálogo sucedem-se

Na mesma ocasião, o embaixador de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte, apelou igualmente ao diálogo sublinhando que há formas democráticas de fazer as coisas sem ser através da perturbação da ordem e da paz estabelecida.

O diplomata português manifestou apreensão em relação aos pronunciamentos de Afonso Dlakhama e disse que o país tem um Parlamento onde as pessoas podem defender os seus pontos de vista.

"Todos nós, quer Moçambique, quer os amigos de Moçambique e, neste caso, Portugal e os portugueses, devemos estar empenhados na paz , na estabilidade e no desenvolvimento", afirmou José Augusto Duarte. "Manifestações de rutura ou de violência são extremamente preocupantes e geram apreensão nas pessoas que querem investir e em quem quer efetivamente apostar no desenvolvimento do país."

"São desastrosos os pronunciamentos de Dhlakama"

Também a representante das Nações Unidas em Moçambique, Jennifer Topping, disse que só com o diálogo se pode garantir o desenvolvimento do país. "Este é um assunto que interessa a todos os moçambicanos. Discutir o futuro do país e a continuação da consolidação da paz e do desenvolvimento. O diálogo está em curso e é importante que continue de forma pacífica."

Mosambik Amtseinführung von Filipe Nyusi
Nyusi e Guebuza, respetivamente Presidente e ex-Presidente de MoçambiqueFoto: picture-alliance/dpa/M. De Almeida

Já o Presidente do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e antigo chefe de Estado, Armando Guebuza, considerou que os pronunciamentos de Dhlakama têm sido "desastrosos".

"Todo o povo fala em construção e ele persiste num discurso destrutivo. Ele não quer de facto dar a sua contribuição para que o nosso país viva em paz", disse Guebuza.

Ao falar com os jornalistas, o Presidente Filipe Nyusi reiterou que é a favor da inclusão, mas, segundo observou, no estrito respeito pela Constituição da República.

"A minha intervenção durante a tomada de posse foi muito clara. Sou pela inclusão, o que significa dar oportunidade a todos os moçambicanos - oportunidades na criação e distribuição de riquezas", afirmou Nyusi.

A RENAMO não marcou presença nas cerimónias do Dia dos Heróis Nacionais, ao contrário do outro partido da oposição com assento parlamentar, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

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